Brasil

Vale regra do bom senso, diz ministro sobre viajar a lugar com coronavírus

Itália, um dos países preferidos dos brasileiros, é foco da doença. "Se for algo que pode evitar, evite", disse ministro em coletiva

Turismo na Itália: preocupação inicial com a doença, de empresários que tinham negócios com a China, tem se transferido para a questão do turismo (Andrea Comi/Getty Images)

Turismo na Itália: preocupação inicial com a doença, de empresários que tinham negócios com a China, tem se transferido para a questão do turismo (Andrea Comi/Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 26 de fevereiro de 2020 às 14h06.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2020 às 14h37.

São Paulo — O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse nesta quarta-feira (26) que "vale a regra do bom senso" na questão de viagens ao exterior diante da epidemia de coronavírus.

"Se for algo que pode evitar, evite", disse ele na coletiva de imprensa. "Se você não tem porque ir pra Lombardia, por que ir pra Lombardia?".

Este foi a região da Itália onde esteve o brasileiro de 61 anos que foi o primeiro caso confirmado da doença no Brasil, que está atualmente em isolamento domiciliar em São Paulo em boas condições. Há outros 20 casos suspeitos no país.

Mandetta notou que a preocupação inicial com a doença, de empresários que tinham negócios com a China, epicentro da epidemia, tem se transferido para a questão do turismo.

É o que acontece no caso da Itália. O país, que recebeu 2,5 milhões de turistas brasileiros em 2018, tem 374 casos e 12 mortes confirmadas.

Mandetta disse que o sistema de saúde italiano é muito bom, mas que o país tem alto número de idosos, grupo muito mais vulnerável à doença, além de características como clima frio e casas de pedra fechada, que facilitariam a contaminação.

Além disso, o país não reconheceu o paciente zero, que provavelmente foi assintomático, e portanto só começou a lidar com a doença quando já havia pessoas no hospital.

Outros países que geram preocupação, além de Itália e China, são Coreia do Sul e Irã, onde há dezenas de casos. O Ministério da Saúde grego anunciou hoje (26) o primeiro caso em seu território, de uma mulher de 38 anos que também esteve recentemente na Itália.

Uma dúvida mencionada pelo ministro foi como será o comportamento da doença na Índia, que é próxima a outros países com casos e tem um sistema de saúde e social complexo.

A preocupação é menor no caso dos Estados Unidos, pois apesar do alto número de casos nenhum deles por enquanto foi classificado como autóctone — ou seja, de contaminação interna. "Mas esses monitoramentos podem mudar de uma hora para outra", reconheceu Mandetta.

O balanço provisório da epidemia do novo coronavírus é de pelo menos 2.763 mortos e cerca de 81 mil infectados, de acordo com dados divulgados por mais de 40 países e territórios.

O ministro também destacou que há no momento uma transição de modelos: em breve, a OMS deve passar a não trabalhar mais com nicho de países e considerar a doença uma pandemia.

"Se tiver número de casos sustentados, daí tanto faz [viajar ou não]", disse o ministro, destacando que não há como prever como o vírus vai se comportar em países com climas e populações diferentes.

Mandetta disse que não há resposta para todas as perguntas e é preciso tomar cuidado também com o alarmismo e a epidemia de informações, lembrando que 97% dos casos de coronavírus evoluem bem: "Não podemos parar a vida porque existe um resfriado, uma gripe".

Também foi lembrado na coletiva de que independente de qual for o seu destino, o turista deve procurar e seguir orientações do Ministério da Saúde local e que o site italiano, em especial, tem sido bem atualizado.

Acompanhe tudo sobre:ChinaCoronavírusItáliaMinistério da SaúdeTurismo

Mais de Brasil

Bolsonaro nega participação em trama golpista e admite possibilidade de ser preso a qualquer momento

Haddad: pacote de medidas de corte de gastos está pronto e será divulgado nesta semana

Dino determina que cemitérios cobrem valores anteriores à privatização

STF forma maioria para permitir símbolos religiosos em prédios públicos