Relatório da PF sobre o celular de Marcelo Odebrecht aponta que as referências a "Vaca" poderiam ser a João Vaccari Neto (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2015 às 21h23.
São Paulo - A defesa da Odebrecht contestou nesta sexta-feira, 24, o andamento da operação Lava Jato e explicou que algumas das anotações presentes no celular do executivo fazem referência a uma vaca adquirida pelo irmão de Marcelo no valor de R$ 2,2 milhões em um leilão em 2013.
Além disso, segundo os defensores, a sigla "LJ" que aparece nas anotações de Marcelo é uma referência ao jornalista Lauro Jardim, da revista Veja.
As explicações foram dadas pela advogada Dora Cavalcanti, que se encontrou com Odebrecht na prisão nessa quinta-feira, 23, para, segundo ela, compreender as anotações no celular do empresário capturado pela Polícia Federal em 19 de junho, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Muitas mensagens estão cifradas.
Como advogada, Dora Cavalcanti ela tem direito a uma reunião com o seu cliente preso para tratar do processo.
Relatório da Polícia Federal sobre o celular do executivo aponta que as referências a "Vaca" poderiam ser ao ex-tesoureiro do PT, também preso na Lava Jato, João Vaccari Neto.
No celular aparecem outras referências à expressão "vaca" e também à inicial V'i associada a valores, que os investigadores suspeitam ser Vaccari.
A defesa tem até a segunda-feira, 27, para explicar alguns termos no aparelho do executivo que chamaram atenção dos investigadores, como a expressão "dissidentes PF" e junto dos termos "trabalhar para parar/anular".
Para os investigadores, os termos denotam a estratégia de Marcelo Odebrecht de prejudicar o andamento da operação.
Os advogados da Odebrecht realizaram nesta tarde de sexta-feira, 24, uma entrevista com jornalistas para esclarecer o posicionamento da defesa da empresa em meio às investigações e à denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra os presidentes da empreiteira e da Andrade Gutierrez, além de mais 20 investigados.
Ao longo da entrevista os defensores criticaram o andamento da operação.
"A defesa tem expectativa de parar de ser surpreendida a conta-gotas, objetivando sim a absolvição porque nós trabalhamos nessa perspectiva. Estamos tratando de uma sistemática do processo legal", afirmou Dora Cavalcanti.
Em relação à nova ordem de prisão preventiva dos executivos pelo juiz Sergio Moro, a advogada disse que o pedido de habeas corpus em favor de Marcelo Odebrecht e de outros cinco integrantes da cúpula da empreiteira será mantido.
Ela disse que acredita na libertação dos réus. Afirmou ainda que tem certeza de que as prisões serão revogadas.