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USP organiza roteiro para reabilitar edifícios antigos

Instrumento ajuda a reduzir gastos e tempo no processo de adequação de prédios antigos às normas atuais

Prédios no centro de São Paulo (Germano Lüders/EXAME)

Prédios no centro de São Paulo (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2012 às 11h58.

São Paulo - Um roteiro de avaliação desenvolvido em uma pesquisa da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP se configurou como um instrumento útil para arquitetos, engenheiros ou mesmo construtoras envolvidas no processo de reabilitação de prédios antigos para adequá-los às normas atuais. “Com o roteiro, é possível prever o que vai ser utilizado em relação ao tempo e ao material”, aponta o arquiteto Walter José Ferreira Galvão.

De acordo com o pesquisador, no Brasil, há a cultura de se fazer um projeto de reabilitação como se fosse uma obra nova, ou seja, “nada é visto com antecedência, os problemas apenas vão ser verificados na fase de execução o que leva à necessidade de mudanças de estratégias durante a obra e que acrescenta mais tempo para a sua finalização”.

Em sua tese de doutorado, Galvão analisou 10 itens de desempenho constantes da norma NBR-15575 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os itens analisados envolvem não só acessibilidade, mas conforto, higiene e segurança aos moradores do edifício.

O arquiteto explica que a NBR-15575 serve como um norma de desempenho para edifícios de apartamentos novos e fixa parâmetros mínimos de conforto, segurança e acessibilidade. Apesar de ser direcionada para edifícios novos, a escolha não foi aleatória. “Percebi a necessidade de definir parâmetros de habitabilidade também para edifícios antigos e que precisam se reabilitados, readequados aos dias atuais”, diz.

A metodologia envolveu três fases práticas: a verificação de potencialidades dos edifícios e apartamentos antigos a partir de um roteiro/questionário a ser respondido por meio de observação e testes realizados pelo próprio arquiteto. Este primeiro roteiro foi melhorado após a comparação das respostas e observações feitas por síndicos e especialistas de cada item quanto à adequação do roteiro ao dia-a-dia. E, por fim, passou por uma outra avaliação em que o próprio pesquisador e uma equipe, composta por um arquiteto e por uma estudante de arquitetura, aplicaram o roteiro em dois edifícios paulistanos.


Análises de infraestrutura

Em relação aos apartamentos, por exemplo, foi feito um estudo, dentre outros, se os cômodos possuem dimensões adequadas às novas necessidades habitacionais. Outros itens analisados foram: acessibilidade a pessoas deficientes; conforto luminoso, térmico e acústico. Já em relação aos edifícios, foram analisadas questões de segurança contra incêndio, conforto e de práticas cotidianas. Foram verificados os equipamentos e infraestruturas de segurança contra incêndio - na maioria das vezes, o “ponto fraco de edifícios construídos quando ainda não havia leis regulamentando tal necessidade”.

Também foram verificadas as necessidades de adaptações das instalações elétricas e hidro-sanitárias (água e esgoto). Outro aspecto e que envolve as práticas cotidianas foi a proximidade de infraestrutura dos arredores do edifício como mercados, farmácias, padarias e coleta de lixo que fazem com que seus moradores dispensem o uso do carro.

Vantagens do roteiro

Para o arquiteto, o roteiro apresenta quatro vantagens: planejamento, agilidade da obra, cálculo de custos antecipados e simplicidade. Ele acredita que o mais importante é o fato de o roteiro estar voltado para a etapa de diagnóstico, “o que garante a antecipação do que deve ser feito ao longo da obra”.

Quanto ao custo e à agilidade, Galvão diz que muitas pessoas pensam que as obras de reabilitação são muito mais caras, “mas o problema real é a ausência de um controle de gastos antecipado”. Para ele, falta planejamento. O arquiteto relata que, na Europa, este tipo de análise antecipada já é feita com frequência, pois o fluxo de obras de reabilitação é bem maior que no Brasil. Vale ressaltar que em países como França e Alemanha 40% da produção de edificações é voltada à reabilitação de edifícios.

Outra vantagem é a simplicidade, pois “não envolve análises laboratoriais caras e demoradas”. Para a verificação de ruídos, por exemplo, pode ser utilizado um equipamento denominado decibelimetro que, comparado com testes laboratoriais, pode ser barato, acessível, fácil de utilizar e que fornece o resultado na hora. Já quanto a fissuras e espessura de rachaduras, um diagnóstico é possível apenas por meio de uma análise visual. “Isto é bom para o mercado e para o arquiteto ou engenheiro, porque poupa tempo e dinheiro”, diz.

A tese de doutorado Roteiro para diagnóstico do potencial de reabilitação para edifícios de apartamentos antigos foi orientada pela professora da FAU, Sheila Walbe Ornstein, atual diretora do Museu Paulista (MP) da USP.

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