Aluno caminha pelo campus da USP no Butantã, em São Paulo (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2014 às 21h28.
São Paulo - Em crise financeira, a Universidade de São Paulo (USP) decidiu nesta terça-feira, 18, manter o corte de gastos com custeio e investimentos para 2015.
Do ano passado para 2014, essas despesas já haviam sido reduzidas em 29,32%. A previsão é que, no próximo ano, a instituição gaste R$ 600,04 milhões com essa finalidade, quase o mesmo valor do orçamento aprovado em fevereiro, se considerada a inflação.
O valor para o ano que vem consta nas diretrizes orçamentárias, aprovadas ontem pelo Conselho Universitário. As diretrizes norteiam o orçamento geral, que será votado em dezembro.
Os gastos com custeios e investimentos são aqueles que não se referem à folha salarial - como manutenção de laboratórios ou viagens didáticas.
A Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) propõe manter esse nível de gasto com custeio e investimento até 2018, corrigido pela inflação de cada ano.
O cenário leva em consideração a adesão total ao plano de demissão voluntária, que prevê a aposentadoria antecipada de 1,7 mil funcionários e reajuste sem aumento real nos salários.
Mesmo assim, como o jornal O Estado de S. Paulo revelou anteontem, é previsto déficit de R$ 115 milhões até 2018.
Para parte dos professores e funcionários, a contenção de gastos de custeio levará à queda de qualidade da USP. O reitor, Marco Antonio Zago, garante que o patamar de gastos funcionou neste ano e não haverá problemas para os próximos.
"O nível de gastos com custeio e investimento se mostrou perfeitamente compatível ao funcionamento das unidades", diz Zago. O patamar de gasto por unidade hoje é o mesmo de 2010, com a correção inflacionária.
"Estamos em um processo de reequilíbrio que vai demorar alguns anos."
Caso se confirme o cenário previsto pela COP, o nível de comprometimento das receitas com a folha salarial será de 90,33% em 2018. O índice ainda é considerado inseguro por especialistas em gestão no ensino superior, que recomendam patamar entre 80% e 85%.
Hoje a USP gasta 106,3% dos repasses do Tesouro Estadual com a folha. Segundo Zago, a USP deve retomar a contratação dos professores só em 2016.