Brasil

USP fecha laboratório que produzia a "pílula do câncer"

A universidade fechou o laboratório em São Carlos (SP) que vinha produzindo a fosfoetanolamina sintética


	Cápsulas contra o câncer: advogados e pacientes que foram à USP voltaram de mãos vazias
 (Divulgação)

Cápsulas contra o câncer: advogados e pacientes que foram à USP voltaram de mãos vazias (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2016 às 20h48.

São Paulo - A Universidade de São Paulo (USP) fechou o laboratório em São Carlos (SP) que vinha produzindo a fosfoetanolamina sintética, conhecida por "pílula do câncer".

Ela estava sendo fabricada no Instituto de Química e era entregue a pacientes que obtiveram na Justiça liminar para o uso da substância, que não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Nesta semana, porém, advogados e pacientes que foram à USP voltaram de mãos vazias. Na quinta-feira, 31, dois oficiais de Justiça com um mandado de busca e apreensão acompanharam a tentativa de retirada das pílulas no laboratório, mas o local estava lacrado.

Funcionários contaram que a universidade não tem mais como cumprir as decisões judiciais. O motivo é que a substância deixou de ser produzida e não existe no laboratório qualquer estoque da substância. O fim da produção teria sido determinado pela reitoria da USP.

A reportagem não conseguiu um retorno da universidade para comentar esta decisão, mas houve a confirmação de que o laboratório foi mesmo fechado. Já os funcionários que trabalhavam para sintetizar a substância teriam sido transferidos para atuar no laboratório em Cravinhos (SP), onde a pílula será produzida para ser testada em humanos pelo governo do Estado.

A fosfoetanolamina sintética foi desenvolvida em São Carlos e supostamente seria capaz de curar diferentes tipos de câncer. Os primeiros testes oficiais não confirmaram essa condição, mas pacientes em estado avançado da doença que usaram as pílulas garantem que elas dão resultado.

"Minha mãe usou e o tumor dela reduziu", afirma Mara Lúcia, em uma comunidade na internet que defende a substância. Já Daiani Coelho fez um desabafo emocionado porque tem câncer e está vivendo à base de morfina. Ela conseguiu na Justiça o direito às pílulas, porém, como pararam de ser produzidas está sem a substância.

"Eu me disponho a ser cobaia, se preciso, para viver um pouco mais", disse a jovem que tem câncer no estômago. Amigos estão pedindo que quem tiver pílulas sobrando, doem a ela.

Denúncia

Apesar da defesa por parte dos pacientes, muitos médicos são contra a fosfoetanolamina, que sem estudos oficiais de eficácia, continua sem ser considerada um remédio. Nesta semana, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, recomendou que ela seja legalizada pela Anvisa como um suplemento alimentar.

Por sua vez, mesmo sem os testes oficiais, o Senado aprovou na semana passada um projeto de lei que permite a fabricação, distribuição e o uso da pílula. Já a Procuradoria da USP denunciou à Polícia Civil o pesquisador Gilberto Chierice, que desenvolveu a fórmula.

Ele foi acusado de curandeirismo e de crime contra a saúde pública, tendo prestado depoimento à polícia. O inquérito ainda está em andamento e Chierice segue defendendo a tese de que a fosfoetanolamina realmente seria capaz de combater o câncer.

Acompanhe tudo sobre:CâncerDoençasEnsino superiorFaculdades e universidadesUSP

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua