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Uso de helicópteros por Cabral e esposa causou prejuízo de R$ 19 milhões

De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado, o casal teria usado as aeronaves irregularmente por pelo menos 2.281 vezes

Sérgio Cabral: segundo a denúncia, em seu segundo mandato como governador, ele comprou duas aeronaves mais modernas e confortáveis, por meio de licitações suspeitas (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Sérgio Cabral: segundo a denúncia, em seu segundo mandato como governador, ele comprou duas aeronaves mais modernas e confortáveis, por meio de licitações suspeitas (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de abril de 2018 às 18h57.

Rio - O ex-governador Sérgio Cabral e sua mulher Adriana Ancelmo são acusados de ter usado irregularmente os helicópteros do Estado do Rio para fins particulares.

De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado, o casal teria usado as aeronaves irregularmente por pelo menos 2.281 vezes. O prejuízo estimado ao erário é de R$ 19,7 milhões (calculando as verbas destinadas a combustível e manutenção dos helicópteros). A pena pelo crime pode chegar a 12 anos.

Ainda segundo a denúncia, em seu segundo mandato como governador, Cabral comprou duas aeronaves mais modernas e confortáveis, por meio de licitações suspeitas, no valor total de R$ 32 milhões.

As negociações também estão sob investigação. Para o MPRJ, os dois helicópteros comprados são mais luxuosos que os outros pertencentes ao Estado, portanto, aumentaram os custos de manutenção e combustível.

Segundo depoimentos de testemunhas, entre elas pilotos, a aeronave modelo "Agusta AW 109 Grand New", de alto luxo, era usada quase com exclusividade pelo ex-governador, sua mulher, seus filhos e babás.

Porém, por vezes, no trajeto entre o Rio de Janeiro e a casa de veraneio de Cabral no condomínio Portobello, em Mangaratiba, outros dois helicópteros eram usados simultaneamente para transportar amigos do casal, amigos e namoradas dos filhos, parentes e empregados domésticos.

As testemunhas afirmaram que Adriana Ancelmo tinha autonomia para solicitar viagens nas aeronaves do Estado e voar, mesmo sem a presença do governador, o que foi comprovado também por meio dos diários de bordo.

Os relatos e os documentos revelam pelo menos 220 viagens solo da ex-primeira-dama, que custaram mais de US$ 187 mil aos cofres públicos.

De acordo com a denúncia, às sextas-feiras, era comum Adriana Ancelmo ser transportada de helicóptero do Rio para Mangaratiba sozinha num horário e, mais tarde, Sérgio Cabral fazer o mesmo percurso também sozinho.

As provas testemunhais e documentais produzidas pela investigação apontam ainda que outras autoridades públicas foram transportadas em helicópteros do Estado para fins pessoais.

Ainda segundo o MPRJ, em pelo menos 109 ocasiões, três helicópteros do Estado do Rio de Janeiro deslocaram-se, ao mesmo tempo, até o condomínio Portobello, em Mangaratiba, para buscar a família Cabral, empregados domésticos e convidados hospedados na casa de veraneio do ex-governador no local. Em depoimento, os pilotos afirmaram que esta situação era denominada por eles de "revoada".

A investigação também constatou que enquanto Cabral e familiares eram transportados em helicópteros públicos entre Rio e Mangaratiba, o Estado colocava à sua disposição, no Condomínio Portobello, três viaturas públicas, sendo uma blindada, além de 11 militares que faziam segurança 24 horas por dia.

Pelo trabalho, os militares recebiam diárias de alimentação e hospedagem, uma vez que eram originários do Rio de Janeiro, aumentando ainda mais as despesas pagas pelo contribuinte fluminense.

Além do trajeto para a casa de veraneio, Sérgio Cabral era transportado nos helicópteros públicos com frequência quase diária entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Palácio das Laranjeiras.

De acordo com a denúncia, nas férias escolares, o ex-governador também chegava a fazer viagens diárias na rota Rio x Mangaratiba.

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