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Uso de drones com granadas, como na Ucrânia, escala poder do crime, dizem delegados

Presidente de associação de delegados pede que Câmara aprove com urgência projeto que regulamenta uso de drones pelas polícias

Homens inspecionam um carro incendiado que fazia parte de uma barricada montada durante a Operação Contenção na favela da Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28 (Mauro PIMENTEL/AFP)

Homens inspecionam um carro incendiado que fazia parte de uma barricada montada durante a Operação Contenção na favela da Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28 (Mauro PIMENTEL/AFP)

Publicado em 28 de outubro de 2025 às 19h03.

Última atualização em 28 de outubro de 2025 às 19h31.

O uso massivo de drones como resposta à megaoperação policial que acabou com 64 mortes no Rio de Janeiro expôs uma nova estratégia das organizações criminosas que deve ampliar ainda mais a força das facções no país.

A avaliação é do presidente da Associação de Delegados de Polícia do Brasil (Adepol), Rodolfo Laterza, que aposta no aumento do controle territorial pelo crime mesmo após a ação policial mais letal da história registrada nesta terça-feira, 28.

O chefe da entidade afirma que o uso de drones em confrontos ganhou escala na Ucrânia e, agora, foi usado pela primeira vez de forma ostensiva contra uma força de segurança estatal no Brasil.

“Os aspectos técnico e operacional foram redimensionados após a guerra no Leste Europeu. A operação de hoje, na verdade, é prenúncio de vários alertas já feitos em relação ao controle territorial de áreas conflagradas no Rio de Janeiro”, diz.

Drones e projeto no Congresso

Ele afirma que o Congresso precisa aprovar com urgência um projeto de lei que detalhe o uso de drones e prepare os profissionais da área.

“As causas fundamentais da situação da segurança pública são amplas, mas precisamos mitigar efeitos e a regulamentação federal do uso de drones é urgente. Urgimos que o presidente da Câmara, Hugo Motta, leve a plenário o projeto”, diz.

A proposta em curso na Casa também prevê programas continuados de capacitação para uso de drone por todas as forças de segurança. Sem isso, afirma Laterza, o Brasil não conseguirá conter o avanço das facções, que agora passaram a acoplar granadas a drones comuns para o uso nos confrontos.

O presidente da Adepol também diz que, em diversos países, facções que enfrentam o aparato estatal têm recorrido ao uso de veículos aéreos não tripulados e que é necessário o Brasil se preparar para conter o uso da tecnologia pelos criminosos.

Saiba tudo sobre a megaoperação no Rio de Janeiro

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