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UPP foi marketing eleitoral, diz Garotinho em debate no Rio

UPPs baixaram os índices de homicídios nas favelas a partir de 2008, mas essa redução não se perpetuou

Anthony Garotinho (PRP) afirmou que a UPP, criada no governo Cabral, foi um projeto de cunho eleitoral (Fábio Motta/Estadão Conteúdo)

Anthony Garotinho (PRP) afirmou que a UPP, criada no governo Cabral, foi um projeto de cunho eleitoral (Fábio Motta/Estadão Conteúdo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de agosto de 2018 às 14h58.

Rio - No segundo debate entre candidatos ao governo do Estado do Rio, realizado nesta terça-feira, 28, o ex-governador Anthony Garotinho (PRP) afirmou que a Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), criada no governo Sergio Cabral (MDB), foi um projeto de cunho eleitoral, e, por isso, "não deu certo". As UPPs baixaram os índices de homicídios nas favelas a partir de 2008, mas essa redução não se perpetuou.

Garotinho, polarizando com o candidato Eduardo Paes (DEM), que à época da implantação das UPPs era aliado de Cabral, disse que a segurança passou a receber atenção no sentido de confecção de uma política pública apenas quando ele assumiu o Estado, em 1999. "Não havia política de segurança antes do meu governo. A regra era 'atira primeiro e pergunta depois'. Vamos retomar."

O ex-governador ainda se intitulou pai das UPPs. "O que foi feito no Rio foi projeto. Política é uma coisa ampla. Infelizmente o programa de UPP, que foi concebido no meu governo e implantado no Morro do Cavalão, em Niterói, experimentalmente, foi usado politicamente, como marketing eleitoral. Se tivesse sido usado de forma correta, talvez tivesse dado certo."

Falando também sobre segurança, Paes defendeu ações rápidas para reduzir a violência nas ruas e ações mais pontuais da polícia. "Tem que agir com mais inteligência. A gente está vendo inocentes e policiais morrendo o tempo inteiro. Tem que ter ação mais cirúrgica. As Forças Armadas têm que ser mantidas, auxiliando o governador."

O ex-prefeito alfinetou Garotinho dizendo que os índices de criminalidade em seu governo e no de sua mulher, Rosinha Garotinho (PRP), de quem foi secretário de segurança, eram "na lua". Paes aproveitou para mencionar que Cabral e Garotinho se apoiaram mutuamente em eleições no passado.

Quando o tema passou para transportes, o candidato Tarcísio Motta (PSOL) ligou Paes ao chamado "rei do ônibus" do Rio", Jacob Barata Filho, acusado de liderar a máfia dos transportes há décadas no Estado. Ele apontou descoberta da Lava Jato de que Paes trocou mensagem de WhatsApp com Barata Filho. Paes respondeu que "como prefeito, dialogava com todo mundo".

"A prefeitura privilegiou transporte sobre rodas. A gente não vai resolver o problema dos transportes no Rio se não tirar os transportes da mão dessa máfia. Entre a licitação montada pelo Eduardo Paes e a realidade há uma diferença de mais de R$ 3 bilhões, que entraram no bolso do Jacob barata e seus comparsas", afirmou Tarcísio, defendendo que os ônibus funcionam como modal alimentador dos transportes de massa, trens, metrô e barcas.

Também participam do debate, no jornal O Globo, o candidato Indio da Costa (PSD). Romário (Podemos), também convidado, não compareceu. A assessoria de imprensa da campanha informou estar em agenda por oito cidades do interior do Estado. Segundo o O Globo, o candidato "não aceitou o convite". Sua cadeira foi mantida vazia.

Divulgada no último dia 20, a primeira pesquisa do Ibope para o governo do Rio mostrou empate técnico entre Romário, que tem 14% das intenções de voto, Eduardo Paes (DEM), ex-prefeito da capital, com 12%, e Anthony Garotinho (PRP), ex-governador do Rio, também com 12%. A margem de erro é de três pontos percentuais, e o levantamento tem 95% de nível de confiança.

Tarcísio tem 5% das intenções de voto, Indio, 3%, Marcia Tiburi (PT), 2%, e Pedro Fernandes (PDT), também 2%. Wilson Witzel (PSC), André Monteiro (PRTB), Marcelo Trindade (NOVO) e Daisy Oliveira (PSTU) estão todos com 1%. Luiz Eugênio (PCO) não foi citado pelos entrevistados. Brancos e nulos somam 35% e 11% dos entrevistados disseram não saber em quem vão votar.

Os índices de rejeição também foram divulgados. Garotinho lidera, com 55%, seguido de Paes (38%), Romário (23%), Indio (18%) e Tarcísio (12%). A pesquisa foi realizada entre os dias 17 e 20 deste mês - depois, portanto, do debate da Band, o primeiro da campanha.

Foram ouvidas 1.204 pessoas no levantamento. Sondagens anteriores colocavam Romário à frente, seguido de Paes e Garotinho, mas sem empate triplo. A pesquisa está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), sob os números BR-00596/2018 e RJ-03249/2018.

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