Eleições 2024: na "festa da frente ampla", Ricardo Nunes valoriza parceria com Tarcísio e Bolsonaro (André Martins/Exame)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 3 de agosto de 2024 às 13h45.
Última atualização em 3 de agosto de 2024 às 13h46.
Em clima de festa, com direito a escolas de samba e robôs dançarinos, a coligação formada por MDB, PL, PSD, União Brasil, Republicanos, Progressistas, Podemos, Solidariedade, Avante, Mobiliza, Agir e PRD, batizada de "Caminho Seguro para São Paulo", formalizou neste sábado, 3, o nome do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), como candidato à reeleição, com o coronel da reserva Ricardo de Melo Araújo (PL) como vice.
“O que nos une é o perigo que o PSOL representa para a nossa cidade, contra o povo de São Paulo", disse Nunes no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Essa será a primeira vez que Nunes disputa uma eleição majoritária como cabeça de chapa. Em 2020, o emedebista foi eleito como vice de Bruno Covas (PSDB), e assumiu o cargo em 2021 após a morte de Covas.
O prefeito reservou parte do seu discurso de quase 50 minutos para atacar o seu principal adversário, Guilherme Boulos (PSOL), a quem chamou de "invasor", "depredador" e "defensor da ditadura da Venezuela".
"Nos unimos contra a ameaça de ver uma figura como Boulos ser prefeito. O mesmo Boulos que até outro dia estava invadindo o Ministério da Fazenda, depredando a Fiesp, sabotando a Copa do Mundo, fechando estradas pelo Brasil inteiro", afirmou.
O evento contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, do ex-presidente Michel Temer, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e da ex-primeira-dama e presidente da Executiva Nacional do PL Mulher, Michelle Bolsonaro. Presidentes, correligionários, lideranças locais e nacionais e pré-candidatos a vereador dos 12 partidos que fazem parte da coligação também marcaram presença.
Em seu discurso, Bolsonaro elogiou Nunes e disse que o prefeito já mostrou um bom trabalho para a população da cidade. O ex-presidente fez muitos acenos para Melo Araújo, sua indicação para a vice, e ao governador Tarcísio de Freitas, a quem chamou de "um gestor, um tocador de obras, uma pessoa que orgulha a todos pelo seu trabalho".
O governador de São Paulo, um dos principais cabos eleitorais de Nunes nesta campanha, disse que a vitória do prefeito é importante para que a prefeitura e o estado continuem trabalhando em conjunto. "Não há como fazer transformações sem ter parcerias. Hoje, as coisas andam por música", disse. Tarcísio também acenou para Bolsonaro, ao afirmar que ele é o maior presidente que o Brasil já teve.
A organização do evento estimou que mais de 20 mil pessoas participaram da convenção. Era possível ver militantes de diversos partidos com bandeiras e escolas de samba, que entoavam canções em apoio ao atual prefeito e aos vereadores da coligação.
Além de ataques ao seu principal adversário na disputa, Nunes valorizou as entregas da sua gestão trazendo ao palco do evento famílias que foram beneficiadas pelos programas da prefeitura. O prefeito afirmou que sua gestão é do povo e que é o primeiro prefeito que veio da periferia da cidade.
"São Paulo é a cidade onde o menino da periferia tem a chance de até virar prefeito. Uma cidade que dá oportunidade para as pessoas prosperarem", disse. "Eu vivi na pele. Eu sei o sonho das pessoas. Eu não decido só pela lógica de quem se tornou prefeito. Eu decido pelo sentimento de quem veio do povo e se tornou prefeito depois", continuou.
Durante a sua fala, Nunes chamou Tomás Covas, filho do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), ao palco, para afirmar que defende o legado e que Covas está ao lado dele até hoje. "Para mim esse dia não seria completo sem honrar a memória do seu pai", disse a Tomás.
Com um arco de aliança de 12 partidos, Nunes tenta se colocar como um candidato de centro-direita moderado, em um suposto contraponto ao seu principal adversário na disputa no momento, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), chamado de “radical de esquerda” pelo atual prefeito.
Apesar de vender um clima de unidade, Nunes enfrentou resistência de alguns partidos que discordaram da indicação do vice feita por Bolsonaro. O União Brasil, comandado em São Paulo pelo presidente da Câmara dos Vereadores, Milton Leite, ameaçou desembarcar da aliança e apoiar o influenciador Pablo Marçal (PRTB) na corrida eleitoral.
Segundo o agregador EXAME/IDEIA, atualizado no dia 26 de julho, Nunes tem 25%, empatado com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Os dois formam o primeiro pelotão da disputa, seguidos pelo influenciador Pablo Marçal (PRTB), o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB).