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Uma tragédia está por vir no Rio, diz colunista do WashPost

Sally Jenkins diz que a cidade não está pronta para os jogos e a culpa por um possível desastre é do Comitê Olímpico Internacional

Mascotes das Olimpíadas de 2016 (Reuters)

Mascotes das Olimpíadas de 2016 (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2016 às 12h20.

Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 11h58.

São Paulo – Uma das principais colunistas de esporte do jornal norte-americano Washington Post fez duras críticas à organização da Rio-2016 em texto no fim de semana. Sally Jenkins diz que o evento, com sorte, escapará de um desastre de "larga-escala" e a culpa de uma eventualidade é do Comitê Olímpico Internacional (COI), que nada fez para evitar a realização dos jogos no Brasil.

"Meio milhão de pessoas irão ao Rio para os jogos, com uma força de segurança de apenas 85 mil para mantê-los a salvo de terroristas e bandidos", diz Sally. "Muitos deles são ressentidos, por serem mal pagos, com carros sem combustível e helicópteros parados, (...), sendo que já tentam lidar com uma das cidades mais cheias de criminalidade na Terra".

A análise da colunista se estende a falhas que deixaram hospitais estaduais sem suprimentos básicos e fechamento temporário de instalações médicas no ano passado. Diz ainda "esperar que super-heróis" desçam à Terra em caso de problemas sérios durante os jogos.

A jornalista do Washington Post refuta a tese divulgada pelo COI de que a cidade esteja pronta para o evento. Para ela, o comitê negligencia problemas evidentes apresentados nos 44 eventos-teste realizados no Rio, como casos de alergia e vômitos apresentados por competidores que tiverem contato com as águas poluídas da Baía de Guanabara, a qual ela chama de "vaso sanitário do Rio".

Seriam ignorados ainda os cientistas que encontraram uma bactéria super-resistente encontrada na cidade — que pode causar meningite e infecções pulmonares, por exemplo — e a possibilidade de contágio em massa pelo zika vírus.

"O COI desconsiderou as preocupações de uma epidemia global, aparentemente porque a paisagem do Rio é divina", diz. "Para eles, vale a pena inserir meio milhão de visitantes estrangeiros e turistas em uma placa de Petri de vírus urbano".

As críticas seguem: Sally diz que a organização é "tão boa" que, em junho, a linha de VLT ficou sem energia apenas uma semana depois que abriu. "Tão organizado que uma linha de metrô de US$ 3 bilhões ainda não está terminada e não será totalmente testada antes de receber os passageiros olímpicos".

Todos esses aspectos, para Sally Jenkins, já configuram uma catástrofe em "slow motion", ao longo dos anos, já que o custo da Olimpíada faz o orçamento da cidade ser estourado em 51%. Diz ela que há uma única razão para que o COI não "faça a coisa razoável e adie ou mova os Jogos do Rio: o dinheiro".

Sally afirma que o comitê não tem disposição de mudar o evento porque causaria enormes perdas financeiras tanto à organização como aos patrocinadores. Para ela, o risco não compensaria as perdas.

Por fim, a colunista cita a corrupção como outra chaga da organização dos jogos. Sally cita um estudo da Universidade de Oxford que aponta que os Jogos Olímpicos, durante a última década, têm um custo excedente ao planejamento que excede 156% do esperado. "Não outro megaprojeto no mundo que registre tais aumentos irresponsáveis de custo: não há ponte, túnel ou represa", diz.

Para ser justa, ela lembra esquema de corrupção denunciado na Olimpíada de Inverno em Sochi, onde, dizem relatórios do Institute of Modern Russia, cerca de um terço dos custos de realização do evento foram diretamente para esquemas de desvio. Mas diz também que dois governantes do Rio são acusados de receber propina por obras no Metrô, feito para os jogos.

"O COI conta com o romantismo para encobrir a loucura fiscal e escândalo", afirma Sally Jenkins. "Durante duas semanas, as medalhas de ouro e imagens bonitas na tela da NBC nos darão amnésia temporária. Só depois chegará ao Rio o custo real [da Olimpíada] e este será o mais difícil e mais longo entre a maioria dos lugares, dado o déficit de US$ 6 bilhões da cidade".

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