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Um quinto da lista de Fachin é formada por parentes

Pais e filhos, maridos e esposas e até uma dupla de irmãos são delatados pelos executivos da Odebrecht aos investigadores da Lava Jato

Renan Calheiros: o senador e seu filho receberam dinheiro da Odebrecht. Renan solicitou solicitou o pagamento de R$ 1,2 milhão ao PMDB (Reuters/Reuters Brazil)

Renan Calheiros: o senador e seu filho receberam dinheiro da Odebrecht. Renan solicitou solicitou o pagamento de R$ 1,2 milhão ao PMDB (Reuters/Reuters Brazil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de abril de 2017 às 20h19.

Última atualização em 13 de abril de 2017 às 16h19.

Mais de um quinto dos investigados na lista do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Edson Fachin, tem parentesco entre si.

Pais e filhos, maridos e esposas e até uma dupla de irmãos são delatados pelos executivos da Odebrecht aos investigadores.

A lista tem, por exemplo, quatro casais que, segundo os delatores, receberam caixa 2 para campanhas eleitorais.

Um dos pares é formado pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) e o marido, Moisés Pinto Gomes.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, há indícios de que Gomes tenha recebido R$ 500 mil, divididos em duas parcelas, para a campanha eleitoral em 2014.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também é apontada como beneficiária, por intermédio do marido, Eron Bezerra, de caixa 2 para a campanha eleitoral de 2012.

Outro casal que, de acordo com as delações, também está envolvido é a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e seu marido e arrecadador de campanhas, Márcio Toledo.

As campanhas eleitorais de Marta à Prefeitura de São Paulo, em 2008, e ao Senado, em 2010, foram, segundos os delatores, instrumento para o recebimento de R$ 550 mil e, posteriormente, R$ 500 mil, em caixa 2. Os repasses foram feitos a Toledo.

Dois delatores afirmaram também em depoimento que o deputado federal Décio Lima (PT-SC) pediu dinheiro para a campanha da esposa, a deputada estadual de Santa Catarina Ana Paula Lima (PT-SC), à prefeitura de Blumenau em 2012.

O pagamento foi de R$ 500 mil.

As delações trazem ainda várias situações em que pais pediram dinheiro em nome de seus filhos.

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o filho dele, Renan Calheiros Filho, receberam dinheiro da Odebrecht.

Em negociação direta com os executivos da construtora, o senador solicitou o pagamento de R$ 1,2 milhão ao PMDB.

Desse valor, pelo menos R$ 800 mil foram transferidos para o filho.

Em contrapartida, o senador deveria facilitar a aprovação de leis que favoreciam a companhia.

Já o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), também teria, segundo os delatores, atuado para aprovar legislação favorecendo negócios da Odebrecht.

Em 2014, Jucá pediu R$ 150 mil em forma de doação eleitoral para o filho, Rodrigo Jucá (PMDB-RR), então candidato a vice-governador de Roraima.

Os dois são acusados de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública.

A chapa de Rodrigo, que tinha como candidato a governador Chico Rodrigues, do PSB, ficou em segundo lugar na disputa de 2014 pelo governo do Estado, com pouco mais de 45% dos votos.

O vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia (DEM-RJ) foi citado junto do filho, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em cinco delações.

Elas apontam que em 2008, Rodrigo Maia recebeu R$ 350 mil para campanhas eleitorais. Mas naquele ano ele e o pai não foram candidatos.

Posteriormente em 2010, Rodrigo solicitou dinheiro para a campanha do pai. De acordo com as delações, ele recebeu R$ 600 mil.

Em 2014, pai e filho voltaram a receber pagamentos, dessa vez para apoiar a aprovação de medida provisória de interesse da construtora.

Ambos serão agora investigados pelos crimes de corrupção passiva corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública.

Outra dupla de pai e filho é a do senador José Agripino Maia (DEM-RN) e seu filho, o deputado federal Felipe Maia (DEM-RN).

Delatores declararam que eles cobraram, respectivamente, R$ 100 mil e R$ 50 mil, em recursos de caixa 2.

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu também é alvo de pedido de investigação junto do filho, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR).

De acordo com a Procuradoria, o pai pediu doações para a campanha do filho em 2010 e 2014.

Duas parcelas de R$ 250 mil teriam sido pagas pelo setor de propinas da Odebrecht.

Pai e filho são acusados de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública.

Daniel Vilela, deputado federal pelo PMDB-GO, é filho de Maguito Vilela, ex-senador e prefeito de Aparecida de Goiânia (GO), também pelo PMDB.

Maguito é acusado por dois delatores de receber R$ 1 milhão para a campanha do filho à Câmara Federal. Os dois serão investigados por prática de caixa dois.

Por fim, consta das delações uma parceria fraterna.

A lista traz o senador Jorge Viana (PT-AC) e seu irmão Tião Viana (PT-AC), governador do Acre.

Juntos, delatores apontam que eles receberam R$ 2 milhões da Odebrecht em forma de doação para a campanha de Tião ao governo, em 2010.

Desses, R$ 500 mil foram repassados oficialmente.

Os fatos foram narrados em duas delações, uma delas do ex-presidente da companhia Marcelo Odebrecht. Os irmãos serão investigados por falsidade ideológica para fins eleitorais.

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