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Um dia após protesto, Bolsonaro critica isolamento e defende democracia

Bolsonaro voltou a atacar imprensa e as medidas adotadas por governadores e prefeitos e também repreendeu apoiador que pediu fechamento do STF

Bolsonaro: no domingo, presidente participou de ato que pedia intervenção militar e retorno do AI-5 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Bolsonaro: no domingo, presidente participou de ato que pedia intervenção militar e retorno do AI-5 (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de abril de 2020 às 10h01.

Última atualização em 20 de abril de 2020 às 10h25.

Um dia depois de discursar em um ato em Brasília que pediu uma intervenção militar no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro negou que a manifestação tivesse viés anti-democrático e repreendeu um apoiador que pediu o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), ao mesmo tempo que disse esperar que esta seja a última semana de medidas de isolamento para conter o coronavírus.

Apesar de fazer uma defesa da democracia, o presidente voltou a atacar a imprensa, afirmando que não responderia perguntas da Folha de S.Paulo e que o repórter do jornal O Globo sequer devia estar ali.

Na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi novamente aplaudido por apoiadores ao atacar a imprensa e disse esperar que esta seja a última semana de quarentena para conter o avanço do coronavírus.

Apesar de manifestantes que estavam no ato em que ele discursou na véspera carregarem faixas pedindo intervenção militar, o fechamento do Supremo e do Congresso Nacional e um novo Ato Institucional número 5, editado na ditadura militar e que marcou o endurecimento do regime, Bolsonaro disse que as reivindicações do protesto eram povo na rua e volta ao trabalho.

Bolsonaro voltou a criticar as medidas de distanciamento social adotadas por governadores e prefeitos, como o fechamento do comércio não essencial, uma ferramenta recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a propagação da Covid-19, doença respiratória provocada pelo coronavírus que já matou 2.462 pessoas no Brasil, com 38.654 casos confirmados.

"Eu espero que essa seja a última semana dessa quarentena, dessa maneira de combater o vírus todo mundo em casa", disse o presidente.

 

Em conversa com apoiadores antes de falar com jornalistas, Bolsonaro disse lamentar as mortes, mas voltou a dizer que elas fazem parte da vida e a minimizar a doença.

"Houve uma potencialização da consequência do vírus. Levaram pavor, histeria e não é verdade, estão vendo que não é verdade", disse. "Lamentamos as mortes, lamentamos, mas é vida. Tem gente que vai morrer."

O presidente chegou a repreender um apoiador que gritou pelo fechamento do Supremo e, em outro momento, disse que é a Constituição.

"Deixa essa conversa aí, dá licença aí. Aqui não tem fechar nada, dá licença aí. Aqui é democracia. Aqui é respeito à Constituição brasileira, e aqui é a minha casa e a sua casa, então peço, por favor, que não se fale isso aqui. Supremo aberto, transparente! Congresso aberto, transparente! Nós o povo estamos no governo", disse ele em resposta ao apoiador.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro voltou a atacar a imprensa e os jornalistas presentes na saída do Alvorada.

"Quem vai falar sou eu. Quem não quiser ouvir está dispensado", disse o presidente ao chegar ao local onde os jornalistas o aguardavam, ao anunciar que não responderia perguntas.

"Você é da Folha, não quero responder para a Folha", afirmou a um repórter, que disse não ser da Folha de S.Paulo e, indagado mais de uma vez de qual veículo era, disse de O Globo.

"Não quero papo com o Globo também. O Globo nem devia estar aqui", respondeu.

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