Lula: A assessoria do ex-presidente afirmou que a frase foi “completamente descontextualizada” no relatório ucraniano (EVARISTO SA/AFP/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de julho de 2022 às 13h06.
Última atualização em 26 de julho de 2022 às 13h36.
Um relatório elaborado pelo governo da Ucrânia inseriu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma lista de “oradores que promovem narrativas consoantes com a propaganda russa”.
O material elaborado pelo centro de combate à desinformação do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia acusa o petista de acreditar que a Rússia deve liderar uma “nova ordem mundial” e que o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, também seria responsável pela guerra.
A lista do governo ucraniano contém 75 nomes e tem variado em quantidade a cada dia. Ela inclui personalidades de diversos países, com maioria de americanos, a exemplo do jornalista Glenn Greenwald, também citado como “disseminador de propaganda russa”. A informação sobre a inclusão do petista foi revelada pelo jornal Folha de São Paulo.
Em entrevista à revista Time em maio deste ano, Lula de fato ressaltou o papel de Zelenski na guerra. “Esse cara (Zelenski) é tão responsável quanto o (presidente russo Vladimir) Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado”, disse o ex-presidente. “(...) o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo”, completou. Na ocasião, o petista também culpou a União Europeia e os Estados Unidos pelo conflito.
A assessoria do ex-presidente afirmou que a frase foi “completamente descontextualizada” no relatório ucraniano e que outra afirmação, sobre a defesa de uma nova ordem mundial sob comando russo, nunca foi dita por Lula.
Desde então, o petista tem feito duras críticas à guerra e defendeu a diplomacia na resolução do caso. Em suas gestões no governo federal, o Lula participou ativamente de negociações com os países emergentes que compõem o BRICS, entre eles, a Rússia, mas a perspectiva da diplomacia brasileira tinha foco maior na multipolarização de poder entre estes países, criando plataformas de crescimento para potências médias em contraponto à hegemonia americana.
Reportagem do Estadão de 2009 mostrou o interesse do governo brasileiro de colocar, por exemplo, o BRICS e o G-20 financeiro no centro das decisões.
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