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Über se transforma em alvo de ladrões em São Paulo

Registros aumentaram no segundo semestre deste ano porque o aplicativo de motoristas passou a aceitar o pagamento em dinheiro para clientes

Aplicativo: praticamente a cada dia, cerca de três motoristas do Uber são assaltados no Estado (Toby Melville/Reuters)

Aplicativo: praticamente a cada dia, cerca de três motoristas do Uber são assaltados no Estado (Toby Melville/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de novembro de 2016 às 12h51.

São Paulo - O pagamento em dinheiro para clientes do Uber fez explodir o número de casos de roubo a motoristas do aplicativo no Estado de São Paulo, no segundo semestre deste ano. Praticamente a cada dia, cerca de 3 motoristas do Uber são assaltados no Estado.

De janeiro a 16 outubro, os motoristas e passageiros do aplicativo já sofreram ao menos 271 roubos. Desses, 50 ocorreram até 29 de julho, data em que o aplicativo passou a aceitar dinheiro como pagamento - média de 7 casos por mês. De 30 de julho a 16 de outubro, a polícia contou 221 crimes - média de 88,4 por mês. São 2,7 casos por dia ou 1 caso a cada 8 horas (aumento de 1.162% em relação à média do período anterior).

A maior concentração dos casos é na capital, mas também há registros em cidades da região metropolitana e até em Campinas. Além dos crimes comuns, com motorista e passageiros reféns de motociclistas em semáforos ou outras emboscadas, uma das estratégias mais usadas pelos bandidos é a de criar um perfil falso no aplicativo e chamar a corrida.

Dentre os roubos, 121 deles ocorreram no local da chamada do motorista - 54,7%. Os motoristas também foram alvo de armadilha por falsos passageiros para serem levados até um ponto e serem roubados e até sequestrados pelos clientes (mais informações nesta página).

Os dados foram tabulados pelo Estado, que solicitou todos os boletins de ocorrência contendo a palavra Uber à Secretaria da Segurança Pública (SSP) e analisou individualmente o histórico somente daqueles que tinham o motorista da empresa como vítima durante o serviço. Os números podem estar subnotificados, já que há motoristas que não registram boletim de ocorrência ou ainda que não detalham o nome da empresa em que trabalhavam ao registrar o documento na delegacia. Também não foram consideradas as estatísticas de furto.

Como comparação, é possível verificar que o crescimento dos casos envolvendo o Uber é bem maior do que o dos roubos no Estado. De janeiro a julho deste ano, a média mensal de roubos paulista foi de 26.666. Em agosto e em setembro, esse número ficou em 28.041, um aumento de 5,1% em relação à média anterior registrada.

Táxis

O Estado também tentou obter o número de roubos a taxistas, mas secretaria e os sindicatos de taxistas não souberam informar os dados. O presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo (Sinditaxisp), Natalício Bezerra, diz que sentiu um aumento nas reclamações dos taxistas, mas que não existem estatísticas do tipo. "Sabemos que aumentou porque os motoristas comentam. É por causa dessa crise toda no País. O motorista (de táxi) está muito exposto o tempo todo, não se sabe se quem entra é um bandido ou cidadão e a impunidade é muito grande."

O motorista e presidente da Associação dos Motoristas Parceiros das Regiões Urbanas do Brasil (Amparu), Nelson Bazolli, diz que já pediu soluções sobre os cadastros falsos de Uber, mas não teve retorno. "A liberação de pagamento em dinheiro foi o gatilho para os bandidos acharem que o motorista parceiro tem dinheiro no carro. E não tem, porque o volume de corridas que eles fazem para pagamento em dinheiro é insignificante, comparado a taxistas, por exemplo. O Uber não dá apoio nenhum, dizem que não são responsáveis", diz.

Ele conta que já cobrou, por carta e por e-mail, que a empresa criasse um botão de alarme para casos de emergência, como roubos, para que a empresa ficasse ciente dos episódios. "Eles nem deram resposta." O Uber diz que a segurança é importante para a empresa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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