(Brasília - DF, 01/08/2019) Presidente da República, Jair Bolsonaro durante coletiva com a imprensa com o Ministro de Estado do Meio Ambiente, Ricardo Salles, Ministro de Estado das Relações Exteriores, Ernesto Araújo e Ministro de Estado do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno. rFoto: Marcos Corrêa/PR (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Fabiane Stefano
Publicado em 29 de outubro de 2020 às 11h08.
Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 16h35.
Este texto foi alterado em relação à publicação original. A errata se encontra no final da matéria.
Na manhã desta quinta-feira (29), a conta do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles saiu do ar. Na última noite, o ministro respondeu um tweet do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, chamando-o de "Nhonho" - um apelido maldoso usado por críticos do parlamentar para se referir a ele. Horas depois da publicação, Salles foi ao Twitter esclarecer que a postagem que ofendia Maia não teria sido feita por ele, mas alguém que usou sua conta indevidamente.
"Fui avisado há pouco que alguém se utilizou indevidamente da minha conta no Twitter para publicar comentário junto a conta do Pres. da Câmara dos Deputados, com quem, apesar de diferenças de opinião sempre mantive relação cordial", disse Salles na manhã desta quinta-feira. Logo em seguida, a conta do ministro na rede social foi apagada.
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que Salles entrou em contato diretamente com Maia para explicar que não foi ele que publicou o tweet ofensivo e que irá apurar a atividade indevida na sua conta. Ainda segundo o Ministério, foi o próprio Ministro que desativou sua conta no Twitter.
"Quando agimos em contas ou Tweets por violação a nossas regras, deixamos um aviso", explicou o Twitter em nota à Exame.
O tweet que chamava Rodrigo Maia de "Nhonho", em referência ao personagem do seriado mexicano Chaves, foi em resposta a um tweet em que Maia criticava Salles pela sua atuação à frente do Ministério do Meio Ambiente.
"O ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo", escreveu Maia, na semana passada. O titular do Meio Ambiente reagiu nesta quarta, um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro pedir à equipe, em reunião ministerial, que não lavasse "roupa suja" em público.
Os atritos na Esplanada se tornaram públicos na quinta-feira passada, dia 22, após Salles chamar no Twitter o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, de "Maria Fofoca". O ataque ocorreu na esteira de uma nota publicada pelo jornal O Globo, afirmando que Salles estava "esticando a corda" com militares do governo. O ministro do Meio Ambiente viu ali o dedo de Ramos e, além disso, atribuiu ao colega uma ação para desidratar sua pasta, convencendo a equipe econômica a retirar verbas que deveriam ser destinadas ao Meio Ambiente para o combate às queimadas.
No último domingo, 25, em mensagem também publicada nas redes sociais, Salles pediu "desculpas pelo excesso" ao chamar Ramos de "Maria Fofoca". O ministro da Secretaria de Governo, por sua vez, disse que "uma boa conversa apazigua as diferenças".
Apesar da trégua, o confronto continuou nos bastidores do governo, escancarando novamente as divergências entre a ala ideológica, que apoia Salles, e o núcleo militar, que ficou ao lado de Ramos. O general também ganhou o respaldo de Maia, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR).
(Com Estadão Conteúdo)
**ERRATA: a publicação original desta matéria dizia que o próprio Twitter baniu a conta do Ministro Ricardo Salles. A informação não procede, uma vez que o Twitter informou deixar um aviso quando age em contas ou tweets que violam as regras da rede social. A conta de Salles, @rsallesmma, não mostra nenhum aviso do tipo. A matéria foi corrigida às 13h24 desta quinta-feira (29), informando corretamente que a conta saiu do ar. Posteriormente, o Ministério do Meio Ambiete confirmou que o próprio ministro excluiu sua conta.