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Túnel Santos-Guarujá deve criar 9 mil empregos e reduzir o tempo de travessia para 5 minutos

Dados do governo federal apontam 21 veículos utilizam o trajeto atual, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 14h41.

A construção do primeiro túnel imerso do Brasil, que ficará entre os municípios de Santos e Guarujá, deve gerar 9 mil empregos diretos e indiretos, segundo estimativa do governo do Estado de São Paulo.

A avaliação da gestão estadual é que a obra beneficiará de forma direta os mais de 720 mil moradores de Santos e Guarujá, além de milhares de turistas que visitam as duas cidades.

O leilão está marcado para o dia 5 de setembro de 2025, às 16h, na B3, em São Paulo. A entrega das propostas das empresas interessadas no projeto será no dia 1º de setembro, às 10h.

Além do impacto no emprego, a previsão é que o túnel imerso reduza a travessia entre Santos e Guarujá de até 1 hora para até 5 minutos.

Hoje, a ligação entre os municípios é feita principalmente por balsa, cuja travessia dura em média 18 minutos, mas que pode levar bem mais tempo por conta das filas. Outra alternativa é a estrada, onde o trajeto pode chegar a 1 hora.

Dados do governo federal apontam 21 veículos utilizam o trajeto atual, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.

Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, o projeto terá aporte público de até R$ 5,1 bilhões, dividido igualmente entre Estado e União. O contrato de 30 anos abrangerá construção, operação e manutenção.

A estrutura terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros sob o canal portuário, ligando Santos e Guarujá. A estrutura contará com três faixas por sentido, sendo uma delas reservada ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), passagem para pedestres e ciclistas e galeria de serviços. A obra também vai impulsionar o turismo, dinamizar a economia regional e diminuir a histórica dependência das balsas.

Como vai ser o túnel Santos-Guarujá?

Segundo o projeto, o túnel de 870 metros de extensão deve levar três anos para ser construído, com expectativa de conclusão no final de 2028. Com 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersos, o projeto contará com três faixas por sentido, uma delas exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de passagens para pedestres e ciclistas.

Diferente dos túneis escavados – como os usados no metrô – o túnel imerso será formado por módulos de concreto pré-moldados, construídos em uma doca seca.

Esses módulos serão então transportados por flutuação até o local, onde serão submersos com precisão, encaixados no leito do canal e ancorados com camadas de lastro.

Também integra o portfólio a concessão das travessias litorâneas e fluviais, que prevê a operação, modernização e gestão de 14 linhas aquaviárias por 20 anos. O edital está previsto para o primeiro semestre de 2025 e a estimativa é de R$ 1 bilhão em investimentos, com manutenção da política tarifária atual, gratuidades preservadas e aquisição de 48 embarcações, incluindo modelos elétricos, que ampliarão a eficiência e a sustentabilidade do sistema.

A ligação Santos-Guarujá é esperada por toda comunidade da região portuária e população do entorno, com perspectiva para melhorar o fluxo de pedestres que transitam entre as duas cidades, além de permitir mais segurança às embarcações que escalam o Porto de Santos para realizar operações.

Segundo o Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, há planos para a construção de uma ligação seca entre as duas cidades ao menos desde 1927, quando se cogitava a escavação de um túnel para a passagem de um bonde elétrico. Em 1948, a proposta era fazer uma ponte levadiça no local. Já em 1970, a alternativa discutida previa uma ponte com acesso helicoidal, que permitia a passagem de navios.

Segundo fontes envolvidas no assunto ouvidas pela EXAME, quatro consórcios estão interessados no projeto:

  • A chinesa CCCC (China Communications Construction Company) e a construtora portuguesa Mota-Engil;
  • A italiana Webuild e a construtora Andrade Gutierrez, 
  • A empresa espanhola Acciona
  • A OEC (Odebrecht Engenharia e Construção) com a EGTC (antiga Queiroz Galvão) e uma terceira companhia, que viabilizaria a parte financeira do consórcio
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