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TSE quer controlar influência das igrejas em eleições, diz Mendes

O ministro afirma que há uso da religião para influenciar as eleições, contando com os recursos das igrejas, não só material, mas a própria estrutura física

Gilmar Mendes: "Depois da proibição das doações empresariais pelo Supremo Tribunal Federal (STF), hoje quem tem dinheiro? As igrejas" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Gilmar Mendes: "Depois da proibição das doações empresariais pelo Supremo Tribunal Federal (STF), hoje quem tem dinheiro? As igrejas" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 8 de março de 2017 às 22h20.

Última atualização em 8 de março de 2017 às 22h30.

Brasília  - O Tribunal Superior Eleitoral estuda uma cláusula para bloquear o uso do poder econômico e a influência das igrejas nas eleições, disse à Reuters o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes.

"Depois da proibição das doações empresariais pelo Supremo Tribunal Federal (STF), hoje quem tem dinheiro? As igrejas. Além do poder de persuasão. O cidadão reúne 100 mil pessoas num lugar e diz 'meu candidato é esse'. Estamos discutindo para caçar isso", disse o ministro em entrevista.

O ministro afirma que há um uso da religião para influenciar as eleições, contando ainda com os recursos das igrejas, não apenas material, mas a própria estrutura física.

"Outra coisa é fazer com que o próprio fiel doe. Ou pegar o dinheiro da igreja para financiar", afirmou. "Se disser que agora o caminho para o céu passa pela doação de 100 reais, porque eu não vou para o céu?"

De acordo com Gilmar Mendes, há um potencial para abuso de poder econômico de "difícil verificação", e existe a necessidade do TSE agir.

Na Câmara dos Deputados, a bancada evangélica vem crescendo a cada eleição. De acordo com dados do TSE, em 1998, eram 47. Em 2014, foram eleitos 80.

No entanto, a Frente Parlamentar Evangélica do Congresso tem 181 deputados e quatro senadores participantes --que incluem, além dos próprios deputados ligados às igrejas, simpatizantes e outros parlamentares que defendem as mesmas pautas, normalmente bastante conservadoras.

Na população em geral, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os evangélicos representam 22 por cento dos brasileiros.

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