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Tribunal mantém bloqueio de bens do senador Benedito de Lira

O senador do PP é alvo da Operação Lava Jato. Seu filho, o deputado Arthur de Lira, também é alvo da investigação e do decreto de bloqueio de valores

Benedito de Lira: o senador teria recebido "vantagens indevidas" por meio do doleiro Alberto Youssef (Facebook/Divulgação)

Benedito de Lira: o senador teria recebido "vantagens indevidas" por meio do doleiro Alberto Youssef (Facebook/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de maio de 2017 às 18h38.

São Paulo - O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) negou recurso do senador Benedito de Lira (PP-AL) e manteve a indisponibilidade de seus bens no montante de até R$ 10,4 milhões.

Segundo os desembargadores da 4ª Turma da Corte, a medida é cabível "quando há indícios de prática de atos de improbidade administrativa, pois tem por objetivo assegurar a efetividade da decisão judicial em caso de condenação".

O senador é alvo da Operação Lava Jato. O filho dele, deputado Arthur de Lira (PP-AL), também é alvo da investigação e do decreto de bloqueio de valores.

Segundo a investigação, enquanto era deputado, Lira teria recebido "vantagens indevidas" por meio do doleiro Alberto Youssef, que chegariam a R$ 2,6 milhões para pagamento de despesas com a campanha eleitoral de 2010.

Youssef foi preso na Lava Jato e fez delação premiada.

A ação por improbidade administrativa, movida pela Advocacia-Geral da União (AGU), é um desdobramento cível dos crimes investigados na Lava Jato, cujas ações penais tramitam na Justiça Federal do Paraná, sob tutela do juiz Sérgio Moro.

O bloqueio dos bens até o limite de R$ 10,4 milhões foi deferido em 19 de dezembro do ano passado pela 11ª Vara Federal de Curitiba a pedido da AGU.

Embora o senador tenha direito a foro privilegiado no âmbito criminal, as ações cíveis seguem na Justiça Federal de Curitiba.

A investigação aponta que a propina supostamente repassada ao senador procedia de contratos superfaturados entre as empreiteiras investigadas e a Petrobras.

A defesa do senador alega que "não há provas da ocorrência de prejuízo ao erário que justifiquem a medida constritiva, e que a União não teria legitimidade para propor a ação de improbidade".

Os advogados de Benedito de Lira observaram, ainda, que "já houve arresto de bens determinado pelo Supremo Tribunal Federal".

A relatora do caso no TRF-4, desembargadora federal Vivian Josete Pantaleão Caminha, confirmou a legitimidade da União para propor a ação.

"A União é parte legítima para o feito, consoante o disposto no artigo 17, caput, da Lei 8.429/1992, porquanto inequívoca a existência de interesse federal na lide, dada a natureza e origem dos recursos públicos envolvidos", ressaltou a magistrada.

Conforme Vivian, "a despeito de a Petrobras se constituir sob a forma de sociedade de economia mista, a ação de improbidade administrativa originária é peculiar, porque, afora o aporte substancial de recursos federais na estatal, diz respeito a irregularidades disseminadas em toda a sua administração, com desvio de vultosas quantias".

Quanto à medida constritiva tomada pelo STF, a desembargadora frisou que as instâncias penal e civil são independentes e autônomas.

Defesa

Quando a Justiça Federal em Curitiba decretou a indisponibilidade dos bens do senador Benedito Lira, em outubro de 2016, a defesa do parlamentar, a cargo do criminalista Marlus Arns de Oliveira, informou que iria recorrer porque não concordava com a medida.

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