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Justiça determina que Picciani e mais 2 deputados voltem à prisão

O relator, desembargador Abel Gomes, argumentou que o alvará de soltura, determinado em votação entre os deputados da Alerj, não passou pelo tribunal

Jorge Picciani, do PMDB: Ao se entregar na sede da PF na última quinta-feira (16) (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)

Jorge Picciani, do PMDB: Ao se entregar na sede da PF na última quinta-feira (16) (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 15h04.

Última atualização em 21 de novembro de 2017 às 16h15.

Por unanimidade, os desembargadores responsáveis pelo processo da operação Cadeia Velha no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), no Rio de Janeiro, determinaram o restabelecimento da prisão dos deputados da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do PMDB. O relator, desembargador Abel Gomes, argumentou que o alvará de soltura, determinado em votação entre os deputados da Alerj, não passou pelo tribunal. Os outros quatro desembargadores acompanharam o voto do relator na sessão da tarde desta terça-feira, 21.

A pauta da sessão seria o afastamento dos deputados de suas funções da Alerj, mas o relator Abel Gomes pediu questão de ordem e argumentou que o alvará de soltura, determinado em votação entre os deputados da Alerj, não passou pelo tribunal. A decisão dos parlamentares foi encaminhada diretamente pela assembleia para a prisão de Benfica, na zona norte do Rio, sem passar pelo TRF, e os deputados foram soltos.

O desembargador Paulo Espírito Santo concordou com o relator e disse que a libertação dos deputados "pareceu resgate de faroeste". "Eles foram resgatados sem nenhuma ordem judicial", disse. "As pessoas precisam acreditar no Judiciário e como vão acreditar vendo isso? O Ministério Público está fazendo esforço para recompor o País a sua normalidade, tentando acabar com a corrupção". "A decisão foi estarrecedora. A Alerj escreveu uma página negra em sua história", completou.

O desembargador relator havia argumentado que "só pode expedir alvará de soltura quem determina prisão". "O ato de revogação da prisão só poderia ser expedido por órgão competente, o Judiciário, que portando somos nós. Por óbvio, só expede alvará de soltura quem expede alvará de prisão", disse.

O desembargador ainda sustentou que a ação foi uma "completa violação à Constituição". "Até este momento, não recebi nenhum oficio da Alerj, sequer citando o resultado da votação para que o TRF pudesse adotar as providências", disse. Também votaram a favor da nova prisão os desembargadores Messod Azulay e Simone Schreiber.

Picciani, Albertassi e Paulo Melo foram presos, na última quinta-feira, 16, durante a Operação Cadeia Velha, etapa da Lava Jato sob coordenação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) no Rio. Um dia depois, eles foram soltos por uma votação na Alerj.

Os deputados são acusados de receber propina para favorecer empresas do setor de construtoras e concessionárias de transporte público, em troca de decisões favoráveis no legislativo fluminense. O Estado, que vive uma grave crise fiscal, teria deixado de receber R$ 183 bilhões, em decorrência de benefícios fiscais em favor de empresas envolvidas no esquema de corrupção existente desde os anos 90, segundo o MPF.

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