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Tribos e seringueiros da Amazônia unem forças contra Bolsonaro

Presidente alega que as tribos têm terras demais e quer abrir as reservas indígenas à mineração e à agricultura para desenvolver a Amazônia

Indígenas: grupos participam  do Acampamento Terra Livre, fazem protesto na Esplanada dos Ministérios (José Cruz/Agência Brasil)

Indígenas: grupos participam do Acampamento Terra Livre, fazem protesto na Esplanada dos Ministérios (José Cruz/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 11h22.

Última atualização em 16 de janeiro de 2020 às 11h24.

Parque Indígena do Xingu — Tribos indígenas e seringueiros da Amazônia uniram forças, na quarta-feira, para se opor a medidas do governo do presidente Jair Bolsonaro que afirmam estar destruindo a floresta da qual dependem para viver.

Cerca de 450 membros de 47 tribos se reuniram pelo segundo dia para debater como resistir às medidas de Bolsonaro para enfraquecer agências governamentais encarregadas de proteger o meio ambiente e o direito à posse de terras ancestrais.

Bolsonaro alega que as tribos têm terras demais e quer abrir as reservas indígenas à mineração e à agricultura para desenvolver a Amazônia e tirar os povos indígenas da pobreza.

O chefe kayapó Raoni Metuktire, que convocou a reunião em seu vilarejo junto ao Rio Xingu, pediu ao Congresso que barre as iniciativas do presidente.

"Estamos aqui para defender nossa terra e dizer (a Bolsonaro) que pare de falar mal de nós", disse Raoni, que se tornou uma referência global por sua campanha ambiental nos anos 1980 em companhia do músico Sting. O líder indígena disse que jamais aceitaria a mineração em suas terras ancestrais.

Entre os presentes na reunião estava Angela Mendes, filha do seringueiro, líder sindical e ambientalista Chico Mendes, que foi assassinado em 1988 devido aos seus esforços para proteger a floresta tropical.

"Unidos, podemos resistir. Eles têm o poder do Estado, mas nós temos a força das águas, das flores e da terra ancestral", disse ela em uma coletiva de imprensa.

A existência de comunidades extrativistas não indígenas que vivem da extração de látex e da venda de frutas da floresta está sendo ameaçada pelo desmatamento, alertou.

Mendes fez uma aliança com Sonia Guajajara, chefe da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a maior organização de tribos do país.

"Este é um momento muito grave de nossa história. Parece um cenário de guerra", disse Guajajara, acusando Bolsonaro de atender aos interesses do poderoso agronegócio brasileiro, que está avançando sobre a região amazônica.

O aumento da violência contra os 850 mil povos indígenas do Brasil, resultante das disputas de terras com agricultores, do corte de árvores e da mineração em reservas indígenas, ameaça o futuro das tribos, argumentou.

Bolsonaro prometeu integrar os povos indígenas à economia e à sociedade, uma assimilação que Guajajara disse equivaler à extinção de suas culturas e linguagens.

A Fundação Nacional do Índio (Funai), controlada por uma autoridade policial escolhida por Bolsonaro, informou que a reunião no Xingu era um "evento totalmente particular" que não apoiaria por não estar "alinhada" com a política do governo.

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