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Tratamento para obesidade: medicamento capaz de reduzir até 17% do peso é liberado pela Anvisa

O composto já era utilizado no país para o tratamento do diabetes tipo 2 com o nome de Ozempic e usado para obesidade de forma off-label, sem orientação da bula

Obesidade: 1 bilhão de pessoas têm a doença crônica em todo o mundo. (Getty Images/Getty Images)

Obesidade: 1 bilhão de pessoas têm a doença crônica em todo o mundo. (Getty Images/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 3 de janeiro de 2023 às 16h34.

Última atualização em 3 de janeiro de 2023 às 16h41.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do primeiro medicamento injetável para o tratamento de sobrepeso e obesidade. A resolução foi publicada no Diário Oficial da União da segunda-feira, 2, e libera a aplicação do Wegovy (semaglutida 2,4 mg), da farmacêutica Novo Nordisk. O composto já era utilizado no país para o tratamento do diabetes tipo 2, com o nome de Ozempic, e aplicado para obesidade de forma off-label, sem orientação da bula.

O médico Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), avalia que a aprovação é mais uma ferramenta no combate à obesidade, mas alerta que não se pode achar que o medicamento é a solução para tudo. 

"Os estudos mostram uma resposta terapêutica com perda de 17% de peso corporal ao longo de 12 meses de tratamento. A terapia é a de maior eficácia para o controle da obesidade em termos de perda de peso global. A gente sempre lembra que o tratamento da obesidade não faz só com tratamento farmacológico. É importante a mudança no estilo de vida e de hábitos alimentares com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar", diz.

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O que é e como age a semaglutida

O medicamento é um análogo ao GLP-1, um hormônio presente no intestino que é responsável por informar ao cérebro que o corpo está alimentado e que é preciso reduzir a sensação de fome. O Wegovy semaglutida 2,4 mg age justamente 'imitando' essa saciedade.

Os estudos mostraram uma perda de peso de, em média, 17% em 68 semanas. No grupo de controle, que usou placebo, este número foi de 2,4%. O medicamento só pode ser usado com prescrição médica. Entre os efeitos colaterais estão alterações gastrointestinais, náuseas, diarreia, vômitos e dores abdominais.

Quanto custa

De acordo com o laboratório Novo Nordisk ainda não há previsão de comercialização do medicamento no Brasil. "Ainda não há uma data definida para que ele chegue ao mercado visto que, após a análise de conformidade pela Anvisa, deve-se aguardar a finalização de outros processos, como a definição de preços pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos", disse a empresa em um comunicado.

No Sistema Único de Saúde (SUS) também não há previsão de implementação e uso da substância, uma vez que se trata de um medicamento de alto custo.

Obesidade no Brasil e no mundo

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas são obesas em todo o mundo. A entidade estima que até 2025 aproximadamente 167 milhões de pessoas ficarão acima do peso ou obesas.

No Brasil, a doença crônica aumentou 72% entre os anos 2006 e 2019, saltando de 11,8% em 2006 para 20,3% da população. A frequência de obesidade é semelhante em homens e mulheres. 

Já em relação à obesidade infantil, o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde apontam que 12,9% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade têm obesidade, assim como 7% dos adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos.

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