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Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2012 às 18h42.
Rio de Janeiro - Com distâncias enormes entre as 12 cidades-sede, um dos maiores desafios do Brasil na organização da Copa do Mundo de 2014 será o transporte de milhares de torcedores até os estádios.
O primeiro teste será a Copa das Confederações, em junho de 2013, com seis cidades envolvidas, cujo sorteio ocorrerá no próximo sábado, em São Paulo.
Além do problema dos aeroportos, que precisam ser modernizados, muitos investimentos são necessários na área de mobilidade urbana, em cidades que sofrem com problemas crônicos de engarrafamentos.
Apesar dos cerca de 13,6 bilhões de dólares gastos pelo país para organizar a maior festa do futebol mundial, muitos observadores avaliam que será impossível compensar em poucos meses problemas de infraestrutura que se arrastam há décadas.
De acordo com Chris Gaffney, urbanista da Universidade Federal Fluminense (UFF) que estuda o impacto da Copa e dos Jogos Olímpicos de 2016 sobre a cidade do Rio de Janeiro, "o transporte será complicadíssimo" durante o Mundial.
"Não existe projeto nacional de transportes. Praticamente todas as obras de mobilidade urbana estão atrasadas e nenhum aeroporto que não seja privatizado ficará pronto para a Copa", analisou.
"Ainda não é possível comprar uma passagem com uma empresa brasileira para viajar de uma cidade ou outra no país sem CPF ou cartão de crédito brasileiros. Nas estradas, não haverá placas em outros idiomas. Não existe um mapa claro do sistema de ônibus do Rio de Janeiro e não há linha de trem entre uma e outra cidade-sede da Copa", lamenta Gaffney.
Cerca de meio milhão de turistas estrangeiros são esperados no Brasil durante o Mundial e três milhões de brasileiros devem assistir às partidas nas 12 cidades-sede do torneio.
Apesar de o trânsito já estar totalmente congestionado nas grandes capitais, o parque automobilístico ganha mais de 10.000 veículos por dia, deixando a situação cada vez mais caótica.
Para tentar amenizar estes problemas, o governo deve adiantar as férias escolares e decretar ponto facultativo para os dias de jogo.
Para viajar de uma cidade-sede para outra, os torcedores correm o risco de sofrer com os problemas dos aeroportos.
"A maioria dos aeroportos do Brasil está congestionada. Se as coisas não melhorarem, muitos problemas vão acontecer", avisou recentemente Roberto Kriete, presidente da Associação Latino Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA).
Na última década, o transporte aéreo cresceu mais de 120% no Brasil, em ritmo muito mais acelerado do que os investimentos em infraestrutura.
De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), as obras no aeroportos "avançam em ritmo lento".
No ano passado, o governo privatizou três aeroportos, dois em São Paulo e um em Brasília, quebrando o monopólio da estatal Infraero. Um consórcio privado também será responsável pela construção do novo aeroporto de Natal.
No entanto, de acordo com o TCU, a reforma dos aeroportos da capital paulista ainda não começaram e também há atrasos em aeroportos administrados pela Infraero.
Já o presidente da Avianca Brasil, José Efromovich, disse que a falta de espaço nos aeroportos brasileiros pode gerar "problemas graves" em relação ao transporte de altos executivos durante a Copa.
"Teremos 800, 900 ou mil aeronaves repletas de pessoas que vêm trazer milhões e milhões de investimentos para o Brasil. Muitos vão querer chegar em avião privado, mas onde vão estacionar. Os aeroportos brasileiros não têm a infraestrutura adequada", criticou.