Brasil

Transição responsável por construir pontes de Lula com o agro tem três ministros

Grupo vai discutir as necessidades do setor, para a elaboração de uma nova política agrícola

Trata-se de uma seara considerada estratégica para o futuro governo, já que faz o ponto de contato do Executivo com o agronegócio (Danilo Martins Yoshioka/Anadolu Agency/Getty Images)

Trata-se de uma seara considerada estratégica para o futuro governo, já que faz o ponto de contato do Executivo com o agronegócio (Danilo Martins Yoshioka/Anadolu Agency/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 16 de novembro de 2022 às 20h49.

O grupo escalado para tratar dos temas relacionados à agricultura durante a transição tem três candidatos a assumir o ministério da área: os senadores Carlos Fávaro (PSD-MT) e Katia Abreu (PP-TO), assim como o deputado Neri Geller (PP-RS). Trata-se de uma seara considerada estratégica para o futuro governo, já que faz o ponto de contato do Executivo com o agronegócio, setor da economia em que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enfrenta uma das maiores resistências.

O núcleo contém oito integrantes, anunciados nesta quarta-feira pelo coordenador da transição e vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, sendo três ex-ministros da Agricultura. Kátia Abreu Neri Geller chefiaram a pasta durante o governo de Dilma Rousseff e Luiz Carlos Gudes, no primeiro mandato de Lula. Esse time tem como missão elaborar um diagnóstico em conjunto com representantes do agronegócio e desenhar diretrizes para uma nova política agrícola que atenda os interesses e, consequentemente, atenue as desconfianças dos produtores rurais.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia.

O grupo também vai contribuir para o debate em curso na transição sobre a possibilidade de se desmembrar o ministério em dois: Agricultura e Desenvolvimento Agrário. Carlos Fávaro entoa o discurso pretendido por Lula, que mira a construção de pontes com o agronegócio, majoritariamente favorável ao atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

— Semana que vem, estaremos a pleno vapor. A poeira está baixando, e o próximo governo será de diálogo —disse Fávaro, também encarregado de buscar uma aproximação do futuro governo com a bancada ruralista no Congresso.

Fávaro e Neri Geller contam com a simpatia de Geraldo Alckmin. Além disso, foram dois dos primeiros nomes do setor a declarar apoio a Lula. O vice eleito trabalhou para que o núcleo do agro fosse o mais heterogêneo, com políticos, pesquisadores e representantes do setor não apenas do Centro-Oeste, mas também do Sul e do Sudeste.

—Temos um timaço que vai ajudar a pacificar o país e criar diálogo — disse Geller, na mesma linha de Fávaro.

A outra possível ministra da Agricultura, Kátia Abreu tem um trunfo importante para voltar à Esplanada, a proximidade com Dilma. Ela foi uma das personagens mais leais à ex-presidente na época do impeachment, em 2016, na avaliação dos petistas. Kátia Abreu está na comitiva de senadores que acompanham, no Egito, os debates da Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, a COP 27.

Questionada sobre a possibilidade de voltar à pasta, a parlamentar disse que não trabalha com hipóteses, mas defendeu que o futuro ministro, seja ele qual for, mantenha uma boa relação com o Ministério do Meio Ambiente.

— Tenho certeza que o presidente Lula está pronto para escolher um personagem que trabalhe unido ao Ministério do Meio Ambiente. Que a gente possa se preocupar com a segurança alimentar do país, com emprego, renda, exportações, balança comercial, mas sem perder de vista a questão ambiental porque um lado pode destruir o outro. Não importa onde eu esteja, quero é ajudar —afirmou.

A senadora disse que a destruição ilegal de florestas não pode ser admitida no país, mas lembrou que o desmatamento de algumas áreas, amparado pela legislação em vigor, terá seu apoio.

— Não abrimos mão da nossa soberania e as leis brasileiras serão cumpridas e obedecidas. Desmatamento ilegal não, mas a lei brasileira prevê sim o desmatamento de algumas áreas. Rigorosamente dentro da lei, terá todo o meu apoio.

Técnicos

Entre os nomes escalados para o grupo, também há técnicos. Um deles é o da diretora-executiva da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de 2005 a 2011, Tatiana Deane de Abreu Sá. Ela é doutora em biologia vegetal, pesquisadora na área de agrometeorologia e biofísica vegetal, com atuação nas áreas sistemas agroflorestais, Amazônia, sistemas alternativos à queima, agroecologia e bioclimatologia animal.

Silvio Crestana, professor, físico e pesquisador brasileiro, conta com grande prestígio junto ao PT e a Alckmin. Foi diretor-presidente da Embrapa durante o governo Lula. Também na lista anunciada por Alckmin, Joe Valle é engenheiro florestal, empresário e candidato a senador, pelo PDT do Distrito Federal, na eleição de outubro. Compõe o núcleo Evandro Gussi, ex-deputado federal pelo Estado de São Paulo pelo Partido Verde, doutor em Direito do Estado e hoje presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica).

LEIA TAMBÉM: 

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioLuiz Inácio Lula da Silva

Mais de Brasil

PF: Plano para matar Moraes foi cancelado após recusa do exército em apoiar golpe

Gilmar Mendes autoriza retomada de escolas cívico-militares em São Paulo

Lula foi monitorado por dois meses pelos 'kids pretos', diz PF