HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS EM BRUMADINHO: o Ministério Público de Minas Gerais apresentou denúncia contra a Vale, TÜV SÜD e 16 executivos / REUTERS/Washington Alves
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 06h38.
Última atualização em 24 de janeiro de 2020 às 07h01.
São Paulo — Neste sábado, 25, completa-se um ano da tragédia de Brumadinho, Minas Gerais, considerado um dos maiores desastres da história do país. O rompimento de uma barragem de rejeitos de minério deixou 270 vítimas fatais (11 ainda estão desaparecidas), num caso que segue sem respostas cruciais.
Brumadinho tem aproximadamente 36.000 habitantes e, nesta semana, vai ser palco de inúmeras homenagens às vítimas do rompimento da barragem da mineradora Vale. Nesta sexta-feira, 24, está prevista uma caminhada para pedir justiça, no centro da cidade.
No sábado, os atos começam logo pela manhã, com o lançamento da pedra fundamental do Memorial no Córrego do Feijão (restrito às famílias das vítimas), caminhadas e atos de movimentos sociais. No domingo, haverá o lançamento da campanha “Jangada Água Viva”, que pede a saída definitiva da Vale e de sua controlada, a MBR, do complexo Paraopeba.
Os eventos ocorrem na mesma semana em que o Ministério Público de Minas Gerais apresentou denúncia contra a Vale, a TÜV SÜD (responsável pela certificação da barragem) e 16 executivos, incluindo o ex-CEO da mineradora, Fabio Schvartsman. A acusação é de homicídio duplamente qualificado.
Também neste mês, a Vale recuperou seu valor de mercado pré-Brumadinho. Um dia antes do rompimento da barragem, a ação valia R$ 56,15; no dia seguinte, a mineradora perdeu um quarto do seu valor. No último dia 14 de janeiro, porém, a ação superou R$ 56 novamente.
Com a recuperação da empresa na bolsa, puxado pela alta do minério de ferro – decorrente do próprio rompimento da barragem de Brumadinho -, o mercado aposta no retorno do pagamento de dividendos, que a companhia suspendeu devido ao desastre. Há duas semanas, o Bradesco BBI distribuiu um relatório afirmando que a Vale é uma “máquina de fazer dinheiro”.
Conforme apurou a reportagem de EXAME, a mineradora e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda negociam um acordo para o pagamento de 250 milhões de reais em multas pelo desastre. Mas, 365 dias depois do desastre, faltam conclusões sobre as causas do rompimento da barragem do Córrego de Feijão e sobre os eventuais culpados da tragédia.