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Tradição do PT e apoio de Lula elegeram Dilma em Pernambuco

No segundo turno, ontem (26), a candidata reeleita obteve mais de 70% dos votos válidos em Pernambuco


	Dilma e Lula: Para professor, transferência de votos de Marina para Aécio Neves seria tarefa difícil
 (Ichiro Guerra/Dilma 13/Divulgação)

Dilma e Lula: Para professor, transferência de votos de Marina para Aécio Neves seria tarefa difícil (Ichiro Guerra/Dilma 13/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2014 às 20h14.

Brasília - Mesmo com o apoio de Marina Silva (PSB) anunciado ao candidato Aécio Neves (PSDB), os eleitores pernambucanos não mantiveram a mesma posição do primeiro turno nas urnas e optaram por apoiar a reeleição de Dilma Rousseff (PT).

A postura levou a uma mudança no cenário das eleições para presidente no estado.

No segundo turno, ontem (26), a candidata reeleita obteve mais de 70% dos votos válidos em Pernambuco.

No primeiro turno, Marina Silva foi a candidata mais votada no estado, com 48% dos votos válidos.

O cientista político e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia da Universidade Federal de Pernambuco, Michel Zaidan Filho, acredita que esse era o resultado esperado para o estado.

“O natural era que, de fato, Dilma tivesse imensa votação, porque ela, Lula e o PT sempre tiveram votação muito grande aqui”, disse ele.

Segundo sua avaliação, grande parte dos votos para Aécio Neves foi resultado dos apoios recebidos pelo candidato.

“A família do ex-governador [Eduardo Campos] de Pernambuco é responsável por esse fenômeno eleitoral que foi às ruas do Recife”.

A doutora em história política e professora do Centro Universitário de Brasília, Maria de Fátima Guimarães, acredita que o mesmo tenha acontecido no primeiro turno.

“Eu imagino que Marina teve essa presença toda porque ela ainda era herdeira de um episódio muito próximo, que foi a tragédia com o governador Eduardo Campos [dia 13 de agosto]. Isso sensibilizou muito o estado”, disse ela.

Mas outra questão foi importante para o fortalecimento de Dilma em Pernambuco: a presença do ex-presidente Lula durante a campanha.

“No segundo turno Dilma contou com o apoio de um cabo eleitoral significativo, tanto no Brasil como em Pernambuco. Isso mostrou que ele tem muito mais poder de transferir votos do que Marina”, segundo Maria de Fátima.

Para Zaidan, a transferência de votos de Marina para Aécio Neves seria uma tarefa difícil.

“Os eleitores de Marina não são os mesmo do PSDB. Havia um equivoco enorme ao pensar que haveria transferência.”

Fátima acrescentou também o fato da Região Nordeste como um todo ter sido foco de investimentos e políticas implementadas nos últimos anos.

“Isso mostra que tem toda uma gama de politicas de investimento, além do Bolsa Família, que faz com que o nordestino reconheça a presença ou a prioridade que esses governos têm dado à região. Então, não votaram por serem pessoas desinformadas. Pelo contrário”, acredita.

No primeiro turno, a população pernambucana definiu o nome do governador do estado: Paulo Câmara (PSB).

Segundo a análise dos cientistas políticos, será preciso investir na relação entre o governo estadual e a Presidência da República.

“O governador deve repensar como devem ser as relações institucionais federativas e procurar uma aproximação com o [Palácio do] Planalto, tanto quanto a Dilma, que, tenho a impressão, que sinalizou no discurso que vai buscar uma aproximação. O governador tem que procurar uma forma de se comunicar com a Presidência da República e levar as questões de interesse do estado de Pernambuco”, disse Zaidan.

Maria de Fátima também acredita que os governos da União e do estado investirão em um bom trato.

“Quando se tem um governo estadual afinado com o federal certamente fica mais fácil, tem uma possibilidade maior de negociar projetos, mas certamente a presidenta Dilma vai tratar o governador de forma republicana. Tem toda a legislação que faz com que o governo federal tenha ali seus relacionamentos pautados na legalidade com todos os estados, e não seria diferente com um governo de oposição”, no seu entender.

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