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"Tornamos prisões provisórias de doutor Moro em definitivas", diz Gilmar

Gilmar acentuou que, em sua visão, muitas vezes ministros não conhecem do habeas corpus, decidindo não os julgar no mérito, para "agradar a opinião pública"

Gilmar Mendes: "É melhor suprimir a Constituição Federal, já que tem o Código Penal de Curitiba" (José Cruz/Agência Brasil)

Gilmar Mendes: "É melhor suprimir a Constituição Federal, já que tem o Código Penal de Curitiba" (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de abril de 2018 às 20h07.

Brasília - Durante o julgamento do habeas corpus do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes voltou a criticar a duração das prisões provisórias, e citou a atuação do juiz Sérgio Moro, da 13º Vara Criminal de Curitiba.

"Nós tornamos as prisões provisórias do doutor (Sérgio) Moro em prisões definitivas. Esse é o resultado nesses casos. É melhor suprimir a Constituição Federal, já que tem o Código Penal de Curitiba. Deviam criar a Constituição de Curitiba também", ironizou o ministro.

Palocci foi preso preventivamente em setembro de 2016 pela Operação Lava Jato. No momento, a Corte discute se é possível julgar pedido de liberdade contra prisão preventiva quando há uma condenação posterior. A defesa de Palocci entrou com o habeas corpus no STF em abril de 2017, e sua condenação em primeira instância ocorreu em junho do mesmo ano.

A prisão de Palocci foi decretada nove meses antes da condenação em primeira instância. O juiz Sérgio Moro sentenciou o ex-ministro a 12 anos, 2 meses e 20 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

"O que estamos fazendo com o habeas corpus?", questionou Gilmar, numa indireta aos cinco colegas que votaram até o momento pelo não conhecimento da ação de Palocci. "Esse tribunal só não é menor por causa das figuras que o compuseram no passado", disse o ministro.

Gilmar ainda acentuou que, em sua visão, muitas vezes ministros não conhecem do habeas corpus, decidindo não os julgar no mérito, para "agradar a opinião pública". "Virar as costas para isso (instituto do habeas corpus) é de fato encerrar uma fase histórica", continuou o ministro, dizendo que há juízes com "medo da mídia".

Gilmar foi o oitavo ministro a votar sobre a admissão do habeas corpus de Palocci. Os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux votaram pelo não conhecimento. Dias Toffoli abriu a divergência, pela admissão, acompanhado por Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello. Faltam votar Celso de Mello e Cármen Lúcia.

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