Alexandre Tombini, (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 16h13.
Horas depois de o Banco Central anunciar medidas prudenciais que dificultam a aposta dos bancos no mercado cambial, o novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, lançou diversos alertas sobre a trajetória futura do câmbio. Ao lembrar que o regime de câmbio no Brasil é flutuante, ele afirmou que a palavra de ordem ao tratar do câmbio é, agora, "cautela".
"Também dizíamos que era preciso ter cautela com o câmbio em 2008, quando o câmbio acabou se ajustando rapidamente. Isso pegou muita gente desprevenida", disse hoje Tombini, que ressuscitou discurso do BC que alerta que o câmbio é flutuante e pode oscilar para cima ou para baixo. "Temos um sistema de câmbio flutuante que funciona bem no Brasil porque flutua para os dois lados".
Tombini citou que a cautela é necessária especialmente para quem pensa em contrair dívidas em moeda estrangeira. "Empresas e indivíduos precisam ter cautela quando tomar compromisso em moeda estrangeira. A tendência de curto prazo não necessariamente vai continuar pelo horizonte", disse ele, durante a sua primeira entrevista coletiva.
Regulação prudencial
Tombini destacou hoje que o Brasil tem sido participante ativo da discussão internacional da agenda prudencial da regulação do mercado financeiro. "Essa agenda da regulação prudencial tem a ver com as questões do sistema financeiro", afirmou. Tombini destacou que o Brasil tem participado de toda a agenda que culminou em Basileia 3.
O presidente do BC destacou ainda que o G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) reconheceu a legitimidade de adoção de medidas prudenciais para assegurar a estabilidade financeira das suas economias. Ele ressaltou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem unificado a sua posição e hoje reconhece a legitimidade da adoção de medidas de câmbio que visam assegurar a estabilidade financeira da economia em momentos de grandes volumes de capitais internacionais.
Meta de inflação
Tombini disse ainda que a medida cambial adotada hoje não tem vinculação com a política monetária. "A política monetária tem o objetivo claro que é atingir a meta de inflação", afirmou.
O presidente do BC afirmou que a autoridade monetária persegue a meta de 4,5% e que não há “elasticidade” na busca desse intento. Ele explicou que no regime de metas existe uma “margem de tolerância” de dois pontos porcentuais. Segundo Tombini, o BC persegue a meta de 4,5%, mas há fatores, entre eles a falta de tempo para medidas surtirem efeito, que faz com que essa margem de dois pontos seja eventualmente utilizada. “A meta de inflação é 4,5%. Não há elasticidade, mas há uma margem de tolerância”, disse.