Brasil

Tombini: contenção de gastos ajuda a controlar inflação

Segundo a autoridade do BC, gastos públicos são demanda agregada e sua diminuição evita propagação de choques na economia nacional

Declarações foram feitas na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

Declarações foram feitas na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2011 às 13h48.

Brasília - O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou hoje que a contenção de gastos anunciada pelo governo federal ajuda no esforço de combate à inflação. "O gasto público é efetivamente demanda agregada", disse Tombini, mencionando estimativas do mercado financeiro que comparam o esforço de controle de gastos públicos atual a uma alta da ordem de 1 ponto porcentual na Selic (a taxa básica de juros da economia).

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tombini disse que o processo de contenção da demanda agregada ajuda a evitar a propagação de choques de oferta na economia sobre os demais preços. Ele lembrou que a alta das commodities (matérias-primas) representa um choque de oferta, embora seja fruto de uma demanda agregada maior do conjunto de várias economias, principalmente emergentes. "A política monetária busca atuar para evitar efeitos secundários dos choques", afirmou.

Tombini afirmou ainda que o peso da alta das commodities no mercado internacional é maior no Brasil que em outros países. Isso porque, na economia brasileira, o peso dos alimentos é maior na cesta de consumo, atingindo entre 22% e 23%. O presidente do BC alertou que, embora a alta dos preços das commodities não esteja sob o controle do BC, é preciso, com o uso da política monetária, evitar os efeitos secundários desse choque na economia.

Mercado

O presidente do BC afirmou que as decisões recentes de política monetária foram bem absorvidas pelo mercado financeiro, fato, segundo ele, evidenciado pelo comportamento favorável da curva de juros após as duas últimas altas da Selic. A argumentação de Tombini é que, se a política monetária não estivesse sendo bem avaliada, a curva de juros subiria, por conta do temor de mais inflação.

Tombini também falou sobre o esforço do BC de ampliar os participantes da pesquisa Focus do BC, mas ressaltou que isso não depende apenas da autoridade monetária. Segundo ele, as instituições precisam querer e se estruturar para participar da pesquisa. "Gostaria de ter o maior número possível de analistas na pesquisa", disse Tombini, mencionando departamentos econômicos de universidades, entre outros.

O presidente do BC repetiu que a inflação é uma preocupação disseminada entre os países e ressaltou que a alta do petróleo é uma fonte adicional de risco. Ele salientou que o Brasil é um dos poucos países que está "endereçando" o problema da inflação, trabalhando com juro real (descontada a inflação) positivo, enquanto outros países estão com taxa real zero ou negativa.

Fluxo de capital

Sobre a abundância de fluxos de capitais para o Brasil, Tombini afirmou que isso reflete a situação de "extraordinária" liquidez no mundo, combinado com o fato de o Brasil se mostrar uma economia sólida. Tal situação, segundo ele, é levada em consideração nas decisões de política monetária.

Além disso, segundo explicou, o BC tentou, por meio das medidas macroprudenciais, evitar que esse ingresso de capitais no Brasil tenha impactos excessivos no crédito interno, colocando em risco a trajetória de sustentabilidade da economia brasileira. "Atuamos para que esse recurso não gere impactos negativos no futuro", disse. "Estamos sempre avaliando se há necessidade de medidas macroprudenciais adicionais", acrescentou.

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