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Toffoli critica PGR e se opõe à ação por desvio de R$ 37 mil

Ministro alertou para a vontade de transformar o âmbito do processo penal em um "órgão de controle do ponto de vista da aplicação de recursos públicos"

Dias Toffoli: "estamos falando aqui no valor de R$ 37 mil. Acionar a Suprema Corte do País... É como se transformar a PGR num órgão de controle" (Nelson Jr./SCO/STF/Divulgação)

Dias Toffoli: "estamos falando aqui no valor de R$ 37 mil. Acionar a Suprema Corte do País... É como se transformar a PGR num órgão de controle" (Nelson Jr./SCO/STF/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 12h36.

Brasília - O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, criticou na manhã desta terça-feira, 21, a atuação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e se opôs à abertura de uma ação penal na Corte para apurar indícios de desvios de recursos públicos no valor de R$ 37,8 mil.

Em um curto voto, Toffoli disse ter a impressão de querer se transformar o âmbito do processo penal num "órgão de controle do ponto de vista da aplicação de recursos públicos".

O caso girou em torno de uma denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o deputado Francisco Ariosto Holanda (PDT-CE), um assessor parlamentar e o proprietário de uma empresa de locação de automóveis em um esquema de simulação de aluguel de veículos para desviar recursos públicos entre 2013 e 2014.

Ao todo, teriam sido simulados cinco contratos de locação referentes a dois veículos. De acordo com o MPF, o objetivo do "ajuste espúrio visava a apropriação ilícita de recursos públicos da Câmara dos Deputados, por meio de reembolso de cota para o exercício da atividade parlamentar, sem a efetiva contraprestação do serviço contratado", no valor de R$ 37,8 mil. A pena prevista para o crime de peculato é de dois a 12 anos de prisão e multa.

O relator do inquérito, ministro Edson Fachin, votou pelo recebimento da denúncia contra os três. O ministro Dias Toffoli, por sua vez, se posicionou pela total rejeição da denúncia.

"Estamos falando aqui no valor de R$ 37 mil. Acionar a Suprema Corte do País... É como se transformar a PGR num órgão de controle", criticou Toffoli, que assume a presidência do Supremo em setembro do ano que vem, substituindo a ministra Cármen Lúcia.

"(A PGR) Sai quebrando sigilo, quebrando isso, aquilo, para transformar... Eu realmente fico aqui... a analisar, abrir ação penal por causa de um peculato, de desvio de locação de carro de R$ 37 mil? Se tiver desvio, reembolsa, mas uma ação penal...", prosseguiu Toffoli.

Para o ministro, se quer transformar o âmbito do processo penal num órgão de controle do ponto de vista da aplicação de recursos públicos. "Para isso temos o Tribunal de Contas da União, os órgãos de controle internos", observou Toffoli.

Divergência

O ministro Gilmar Mendes, por sua vez, votou pela aceitação parcial da denúncia, recebendo-a contra o assessor parlamentar e o proprietário da empresa, mas deixando de fora o deputado federal. A posição de Mendes foi a vencedora no julgamento.

"Ainda que a posição do parlamentar seja desconfortável, não me parece que haja aqui indícios concretos de autoria ou participação dele. Os indícios contra o parlamentar são insuficientes para instauração da ação penal (contra ele). Quanto aos demais acusados, acompanho o relator", disse Mendes.

Para Fachin, o que o fez votar pelo recebimento da denúncia contra os três acusados - inclusive o parlamentar - foi o fato de que, na sua visão, diversas peças incluídas no processo mostram o deputado como locatário dos veículos. "E isso merecia uma eventual investigação", ressaltou Fachin.

Defesas

Procurados pela reportagem, o gabinete do deputado federal Francisco Ariosto Holanda e a PGR não haviam se manifestado até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto para as manifestações.

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