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The Economist: Bolsonaro ameaça a democracia brasileira?

Revista britânica cita grande presença militar no governo e crescentes conflitos entre o presidente, o Congresso e o Judiciário

Presidente Jair Bolsonaro e apoiadores: presidente estaria mais conflituoso pelas investigações em curso no STF e por sua "pouca habilidade" para governar (Ueslei Marcelino/Reuters)

Presidente Jair Bolsonaro e apoiadores: presidente estaria mais conflituoso pelas investigações em curso no STF e por sua "pouca habilidade" para governar (Ueslei Marcelino/Reuters)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 12 de junho de 2020 às 10h02.

Última atualização em 12 de junho de 2020 às 11h39.

A revista britânica The Economist, mais tradicional publicação semanal de economia do planeta, e que historicamente publica texto contundentes sobre a política interna de países mundo afora, publicou um editorial nesta quinta-feira sobre o governo de Jair Bolsonaro. O título é "Jair Bolsonaro ameaça a democracia brasileira? ".

A Economist afirma que em muitos fins de semana desde o início da pandemia do coroanvírus apoiadores de Bolsonaro se reúnem para pedir a reabertura da economia, o fechamento do Congresso e um retorno do regime militar que vigorou de 1964 a 1985. A revista também conta que o presidente regularmente cumprimenta manifestantes e não usa máscara, em desafio a regulações de saúde.

Segundo a Economist, em 28 anos no Congresso Bolsonaro nunca mostrou muito respeito pela democracia. Desde que chegou ao poder, afirma a publicação, ele encheu o governo de militares, mas eles têm dito uma influência moderada, embora muitos brasileiros sejam categóricos sobre a ameaça de um golpe. As tensões cresceram nas últimas semanas, diz a Economist, com as intimidações de Bolsonaro ao Congresso. A revista cita ainda a mensagem do ministro do Supremo, Celso de Mello, que compara este momento ao da Alemanha de Hitler.

Bolsonaro está mais conflituoso, diz a revista, pelas investigações em curso no Supremo Tribunal Federal e por sua "pouca habilidade" para governar, escancarada com a pandemia.

"É um sinal de fraqueza que ele está se valendo cada vez mais das forças armadas. Dez dos 22 ministros são agora militares e 3.000 outros estão em cargos do governo", afirma o texto. A revista diz ainda que Bolsonaro acentuou divisões internas entre os militares, o que tem corroído a disciplina e colocado em risco a reputação.

"Bolsonaro não parece ter força suficiente para levar um golpe adiante", afirma a Economist, citando o baixo apoio de governadores. A publicação conclui que "democratas brasileiros, costumeiros adversários, estão começando a se unir em oposição ao presidente". "Eles estão certo de estar alarmados".

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