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Testemunha da My Way relata propinas na BR Distribuidora

Testemunha afirma ter presenciado pagamentos de propina de 5% a 10% na BR Distribuidora e registrou boa parte das movimentações suspeitas


	BR Distribuidora: testemunha constatou saques de até R$ 7 milhões para pagamentos suspeitos na subsidiária
 (Divulgação)

BR Distribuidora: testemunha constatou saques de até R$ 7 milhões para pagamentos suspeitos na subsidiária (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 16h23.

São Paulo e Curitiba - Uma ex-funcionária da área financeira da Arxo Industrial do Brasil - novo alvo da Lava Jato no esquema de corrupção na Petrobras - afirmou ao Ministério Público Federal que constatou saques em espécie de até R$ 7 milhões para pagamentos suspeitos que perduraram na Petrobras Distribuidora S/A (BR Distribuidora) mesmo depois da descoberta da existência de cartel de empreiteiras e pagamentos de propinas a políticos na estatal petrolífera.

A BR Distribuidora é subsidiária da Petrobras, responsável pela rede de postos de vendas de derivados.

"Em data de 24 de setembro de 2014, o senhor Sérgio (Maçaneiro, diretor Financeiro da Arxo) fez a retirada do caixa da empresa um total de R$ 7.088.304,57, para a realização de pagamentos suspeitos", afirmou ela ao apontar quatro movimentações suspeitas, registradas por ela.

A Arxo, com sede em Santa Catarina, fornece tanques aéreos e subterrâneos e caminhões tanques para a BR Distribuidora.

A ex-gerente financeira trabalhou na empresa de janeiro de 2012 e novembro de 2014.

Nesse período, a testemunha afirma ter presenciado pagamentos de propina de 5% a 10% e registrou boa parte das movimentações suspeitas.

"Para obter os contratos, a Arxo receberia informações privilegiadas da Petrobras e efetuaria o pagamento de vantagem indevida de 5 a 10% do total do contrato a empregados da referida empresa (BR Distribuidora)", informou a ex-funcionária.

A figura central dessa nova frente de investigação procurou a força-tarefa do Ministério Público Federal em 15 de janeiro.

Ela apontou e reconheceu o operador da propina no caso dos contratos da Petrobras, Mário Goes.

"Mario Goes seria o intermediador das propinas, conforme reconhecimento fotográfico efetuado pela testemunha e identificação de seu nome na contabilidade informal da empresa ("GOIS")", registrou o MPF ao pedir a prisão preventiva do acusado.

Foi através dele que a Lava Jato estabeleceu a conexão entre o esquema investigado nas Diretorias de Serviço, Abastecimento e Internacional, que arrecadaria propina para os partidos da base do governo - PT, PMDB e PP.

Goes foi um dos operadores de propina do ex-diretor de Servios Renato Duque, segundo apontou o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, que era seu braço direito e fez delação premiada com a Lava Jato.

A ex-funcionária afirmou ainda que "nos dias anteriores à vinda dele (Mário Goes) procediam-se todas as movimentações na empresa para gerar dinheiro em espécie".

"Inclusive a depoente auxiliava a colocar o dinheiro em envelope, sendo que algumas oportunidades viu que Goes saia da empresa com, este envelope debaixo do braço".

Segundo a testemunha, o suposto operador ligado a Duque e Barusco foi visto por ela pela última vez no ano passado.

Goes foi o único a ter prisão preventiva decretada e está foragido.

A ex-gerente financeira montou para a força-tarefa da Lava Jato um quadro da divisão de tarefas no esquema de propina envolvendo a Petrobras, que teria atuado até 2014.

Os sócios-dirigentes da Arxo Gilson João Pereira e João Gualberto Pereira Neto coordenavam o pagamento da propina.

Os valores seriam entregues "a cada dois ou três meses, a Mario Goes, na própria Arxo."

"Eventualmente, o dinheiro seria levado pelo diretor financeiro Sérgio Ambrósio Marçaneiro até Mario Goes no Rio de Janeiro", contou a ex-funcionária.

Em detalhes ela apontou a "responsável pela movimentação das contas da empresa" que "teria conhecimento da propina", indicou o "programa contabilidade Proteus da empresa, com registro, no caixa 2, das movimentações ilícitas" e os funcionários responsáveis por ele.

Ela também encaminhou a lista de notas frias emitidas pela empresa para justificar a propina.

Propina e medo

As revelações da ex-gerente, que espontaneamente procurou a força-tarefa da Lava jato e foi ouvida no dia 15 de janeiro, apontam um esquema de propina em outras áreas, sonegação fiscal e medo de ameaças.

A testemunha afirmou ainda que "foi diversas vezes enviada a lugares que não na empresa, inclusive na Receita Federal de Florianópolis, para levar pacotes ou malas contendo dinheiro".

"Sempre acompanhada de um policial civil, na função de segurança."

A ex-gerente afirmou ter sido ameaçada.

"Devido a questionamentos referentes a pagamentos em espécie a pessoas que não faziam parte da folha de pagamento de funcionários ou fornecedores, fui advertida a ficar calada, como continuei a questionar, passei a ser ameaçada de morte."

Lavanderia

Com base nas revelações da testemunha e com apoio da Receita Federal, a Lava Jato chegou às empresas usadas para "disfarçar os pagamentos" de propina com "notas fiscais frias": RPK Comercial Eireli- ME, Transportadora Cedense Ltda., Linkcom Comercial Ltda., Metalsinter Indústria e Comércio de Filtros e Sintetizados Ltda., RTN - Consultoria e Representações, MTX Equipamentos, PL Costa Serviços Administrativos Ltda. e AFB Sistemas Ambientais e Informática Ltda - ME.

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