Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde 26 policiais militares serão julgados pelo caso que ficou conhecido como Massacre do Carandiru (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2013 às 13h42.
São Paulo - O detento à época do massacre, Antonio Carlos Dias, é a primeira testemunha de acusação a depor na manhã desta segunda-feira, no julgamento sobre o caso Carandiru.
Dias relatou a entrada dos policiais militares no segundo pavimento do Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo e afirmou ter visto alguns detentos sendo mortos por armas de fogo. "Os presos não tinham armas, nem mesmo facas", disse em seu depoimento.
Segundo ele, que chegou a se emocionar durante o relato, a ação durou cerca de uma hora. Dias disse ter contado mais de 100 mortos no segundo pavimento do Pavilhão 9.
Relatos oficiais afirmam que 111 detentos foram mortos no dia 2 de outubro de 1992. De acordo com a testemunha, havia pelo menos o dobro de mortos declarados oficialmente. "Esses 111 eram os que tinham família e recebiam visita".
Dias, que ficou detido por cinco anos, também afirmou que após a ação da PM os presos foram mantidos em suas celas até o dia seguinte. Para a testemunha ser ouvida, o juiz, José Augusto Marzagão, pediu para que os réus se retirassem do salão.
Até agora, cinco testemunhas de acusação e uma de defesa estão presentes no fórum, de um total de 23. Pouco depois das 11h, a imprensa foi autorizada a entrar no plenário do Fórum da Barra Funda, sem celulares e computadores. O áudio da sessão foi liberado na sala de imprensa.