A dívida bruta deve crescer com aumento de gastos com a pandemia e queda do PIB (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
EXAME Hoje
Publicado em 29 de junho de 2020 às 06h55.
Última atualização em 29 de junho de 2020 às 08h30.
A semana começa com pistas sobre a trajetória fiscal do Brasil, com a divulgação pelo Tesouro Nacional do resultado primário do governo no mês de maio. O material será publicado às 10h30 e o secretário Mansueto Almeida dará coletiva a partir das 11 horas, já em clima de despedida.
Mansueto, um dos quadros técnicos herdados pelo governo Bolsonaro da gestão de Michel Temer, anunciou há algumas semanas que deixará o cargo no final de julho e vai para a iniciativa privada.
O seu substituto será Bruno Funchal, atual diretor de Programas na secretaria Especial da Fazenda do Ministério da Economia. O nome foi bem recebido pelo mercado, já que Funchal foi secretário de Fazenda do Espírito Santo de 2017 a 2018 no governo de Paulo Hartung, uma referência em ajuste fiscal.
O desafio não será trivial. A dívida bruta, atualmente em 80% do PIB, deve subir para 94%, nas previsões de Mansueto. A explosão é um efeito da alta de gastos necessários contra os efeitos da pandemia combinado com uma queda brutal do PIB, que reduz o denominador.
Para que a coisa não fuja ainda mais do controle será necessário viabilizar politicamente medidas para conter a escala dos gastos obrigatórios, que já tomam mais de 90% do Orçamento, além de reformas e gestão que permitam fazer mais com menos. Mansueto sempre foi claro sobre o tamanho do problema mas nega que sua saída mude o cenário:
“A garantia de que o ajuste vai acontecer é a Constituição. Então, para o governo não cumprir o teto de gasto em 2021, teria que mudar a Constituição. Se o governo não fizer mudança alguma, está garantido o cumprimento do teto de gastos, essa âncora fiscal que nos levou ao juros tão baixos”, disse Mansueto recentemente para a Globo News. A ver.