Martinelli: a expectativa é que o restauro e reabertura com os novos equipamentos ocorra até o segundo semestre de 2020 (Wikemedia Commons/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de março de 2019 às 09h14.
Última atualização em 30 de março de 2019 às 09h15.
São Paulo — A Prefeitura de São Paulo divulgou mais detalhes sobre a concessão de espaços do Edifício Martinelli, no centro da cidade de São Paulo. Dentre as áreas que serão geridas pelo setor privado, está o terraço do edifício, que tem vista para a área central e até para a Serra da Cantareira.
A iniciativa integra o projeto Triângulo SP, que quer impulsionar a vida noturna e os atrativos turísticos do centro velho da capital paulista.
A gestão municipal pretender conceder o 25º andar, uma loja no térreo, o terraço e o palacete localizado na cobertura. O objetivo é potencializar o local como referência para visitantes locais e turistas de outros Estados e países, adotando o nome Observatório Martinelli.
Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando Chucre, espera-se que o restauro e reabertura com os novos equipamentos ocorra até o segundo semestre de 2020. "É o nosso desejo, não sei se vai se realizar."
Dentre outros, a inspiração vem do Farol Santander e do Terraço Itália, ambos também na região central, além do Empire State Building e Rockfeller Center, em Nova Iorque.
"Mesmo depois de dois anos fechado, existe demanda ainda hoje. A gente recebe toda hora gente na porta querendo visitar", diz Chucre.
A concessionária deverá manter exposições e apresentações culturais no terraço. Na cobertura, a intenção é que sejam abertos restaurante, café e lojas. Também será permitida a comercialização da marca "Martinelli", com produtos licenciados e venda de souvenir em geral.
Segundo Chucre, a ideia é que o espaço fique aberto também durante a noite. "Esse negócio do terraço está dentro de um contexto mais amplo, de um conjunto de obras que a gente quer fazer na região central para revitalizar. São projetos estratégios que estão no centro, no (Vale) do Anhangabaú, nos calçadões, no Parque Minhocão, no Martinelli. É um conjunto de projetos que fazem parte do PIU Setor Central- que aí sim é uma medida do ponto de vista urbanístico de voltar a ter moradias e pessoas na área central."
Em abril, será implantado um Centro de Informações Turísticas (CIT) no andar térreo, mesmo mês em que o terraço voltará a ser aberto para visitas monitoradas após dois anos em que esteve aberto apenas de forma pontual. Com a concessão, a nova administradora definirá se mantém o acesso gratuito.
"Como qualquer mirante do mundo inteiro, que tenha essas características, você paga para subir. Mas é uma taxa simbólica, a concessionária pode achar que o filão é explorar o café, o pão de queijo, o jantar."
Com a concessão, o mirante será aberto todos os dias da semana, por ao menos 10 horas diárias. Em 2016, recebeu 85 mil visitantes (dos quais 49% eram da capital), além de ter sido locado para eventos. O ingresso será pago, com entrada gratuita para professores e estudantes em dias específicos.
"O prédio maios bonito centro, que tem a história mais interessante. Sob o ponto de vista arquitetônico, ele é estudado. Lembro que eu vim aqui quando era estudante conhecer", conta Chucre.
"Imagino que o Martinelli seja talvez, dos edifícios chamados rooftop, que seja o que tem maior potencial de atratividade de pessoas, mas é uma expectativa."
O texto do edital estará aberto para consulta pública durante 30 dias a partir da próxima semana. A licitação será aberta tanto para concorrentes nacionais quanto estrangeiros.
A previsão é que a concessionária vencedora faça investimentos de cerca de R$ 3 milhões em infraestrutura, o que inclui guarda-corpos de vidro no entorno do terraço e obras de restauro.
O prédio é um dos primeiros arranha-céus da cidade de São Paulo. Construído a partir de 1924, foi idealizado pelo empresário italiano Giuseppe Martinelli e projetado pelo arquiteto húngaro Vilmos Fillinger.
O primeiro arranha-céu da capital é o Edifício Sampaio Moreira, sede da Secretaria Municipal de Cultura desde o ano passado.
Em 1929, foi inaugurado com apenas 12 andares, mas teve a estrutura aumentada ao longo dos anos, chegando a 30 pavimentos e 105 metros de altura. Mais de 600 operários e 90 artesãos teriam trabalhado na obra.
Todo cimento utilizado foi trazido da Suécia e Noruega pela própria importadora de Martinelli. Pela aparência inusitada, foi chamado de "bolo de noiva" pelo escritor Oswald de Andrade.
Nas primeiras décadas, o espaço atraiu visitantes ilustres e recebeu empreendimentos de luxo, como hotéis e sala de cinema. Após um período de decadência nos anos 60, foi desapropriado na década seguinte para abrigar órgãos municipais e lojas. Atualmente, cerca de 80% do edifício pertence à Prefeitura de São Paulo.
Em 1992, foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Ele tem Nível de Proteção 2, que determina a manutenção das características externas e de "alguns elementos internos".