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Terminal de grãos do MA deve sair do papel após 7 anos

Projeto no Porto de Itaqui foi idealizado em 2004 e prometido para 2007. No entanto, só agora que as companhias interessadas na licitação terão suas propostas avaliadas

A construção do Tegram é necessária para que o porto maranhense eleve sua capacidade de embarque de grãos, hoje realizada por uma estrutura mantida pela Vale (Wikimedia Commons)

A construção do Tegram é necessária para que o porto maranhense eleve sua capacidade de embarque de grãos, hoje realizada por uma estrutura mantida pela Vale (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2011 às 07h40.

São Paulo - Idealizado em 2004 e prometido para 2007, o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no Porto de Itaqui, deve finalmente sair do papel. Após sucessivos adiamentos, no próximo dia 18, às 10 horas, a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) abre os envelopes das companhias interessadas na licitação para a construção de quatro silos no local, com capacidade estática para 500 mil toneladas.

O edital foi publicado em agosto, após a aprovação definitiva do projeto pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e, de acordo com o presidente da Emap, Luiz Carlos Fossati, cerca de cem empresas nacionais e internacionais se interessaram pelo empreendimento. "Esperamos que entre 20 e 25 delas participem da licitação", afirmou em entrevista à Agência Estado.

O investimento na primeira fase soma R$ 262 milhões, para quatro armazéns com capacidade estática de 125 mil toneladas cada (base soja). As empresas vencedoras, uma por lote, poderão explorar o negócio por 25 anos, renováveis por mais 25, e serão responsáveis pela operacionalização do projeto, incluindo o sistema de recepção e expedição da carga. Se tudo correr dentro do cronograma, esta primeira fase deverá entrar em operação no final de 2013, com capacidade para movimentar 5 milhões de toneladas ao ano. A expectativa é que a terraplenagem seja iniciada já no último trimestre deste ano e as obras comecem no primeiro semestre de 2012. Na segunda fase, a movimentação pode chegar a 10 milhões de toneladas por ano. O objetivo, segundo Fossati, é elevar a participação de Itaqui na exportação nacional de soja dos atuais 3% para 20%.

A construção do Tegram é necessária para que o porto maranhense eleve sua capacidade de embarque de grãos, hoje realizada por uma estrutura mantida pela Vale, em Ponta da Madeira, e com capacidade limitada a cerca de 2 milhões de t por ano. O empreendimento é considerado por representantes do agronegócio do Centro-Oeste do País como fundamental para baratear o custo de transporte dos grãos dessa região para os mercados externos. Atualmente, cerca de 80% da soja exportada pelo Brasil sai pelos portos de Paranaguá e Santos.

De acordo com Edeon Vaz Ferreira, gerente da Comissão de Logística da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja) e coordenador do Movimento Pró-Logística, o escoamento por Itaqui poderia reduzir em 20% o custo do transporte da soja - hoje em US$ 120 por tonelada - na região nordeste de Mato Grosso, inicialmente a mais beneficiada pela obra.

Acesso - Embora positiva, a construção de Tegram terá que ser acompanhada de uma série de outras obras para que a soja do Centro-Oeste, maior produtor nacional, chegue a Itaqui. Edeon Vaz lembra que ainda faltam acessos ferroviários e rodoviários que liguem as várias regiões de Mato Grosso ao porto. Enquanto algumas das obras necessárias estão em curso, outras têm apenas a fase inicial do projeto em curso.


Ele cita, por exemplo, a construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste, cuja primeira fase deve ser concluída apenas em 2014, e depois sua interligação com a Ferrovia Norte-Sul. É necessária também a pavimentação de 180 km da BR-080, que pode ligar o nordeste de Mato Grosso até Itaqui, via ferrovia Norte-Sul. Os projetos ambiental, básico e executivo dessa obra devem ficar prontos apenas no segundo semestre de 2012.

O nordeste de Mato Grosso, região mais beneficiada por esse conjunto de obras, fica a cerca de 1.700 km de Itaqui e a 2.100 km de Paranaguá. Ferreira destaca que, quando tudo estiver pronto e em operação, a principal diferença será o transporte por ferrovia na maior parte do trajeto. "Serão apenas 350 km de transporte por rodovia", afirmou. Hoje produtor de cerca de 800 mil toneladas de soja, o nordeste mato-grossense deve colher cerca de 2 milhões de t na safra 2013/14. "A região poderá agregar mais três milhões de hectares de plantio sobre pastagem, caso esse corredor de exportação se realize", previu. Já o Maranhão produz atualmente 1,6 milhão de toneladas da oleaginosa, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento.

O agronegócio responde hoje por 23,5% da movimentação total do Porto de Itaqui, que cresceu 14,6% entre janeiro e setembro deste ano, para 10,8 milhões de toneladas, ante o mesmo período de 2010. A expectativa da Emap é atingir 13,5 milhões de t em 2011. Os embarques de soja nos nove primeiros meses do ano aumentaram 72%, para 1,2 milhão de toneladas. Já os desembarques de fertilizantes cresceram 97,8%, para 661 mil t.

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