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Tensão em Curitiba à espera da chegada de Lula

A polícia decidiu alinhar barreiras de agentes e de veículos para manter separados por cerca de 30 metros partidários e críticos do ex-presidente

Lula: ex-presidente tentou se entregar, mas foi impedido (Paulo Whitaker/Reuters)

Lula: ex-presidente tentou se entregar, mas foi impedido (Paulo Whitaker/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de abril de 2018 às 18h12.

As autoridades de Curitiba reforçaram, neste sábado, a segurança antes da chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve começar a cumprir nessa cidade do sul do país uma condenação a 12 anos e um mês de prisão por corrupção.

Ante milhares de apoiadores em São Bernardo do Campo, Lula anunciou que se entregaria para cumprir o mandado de prisão emitido pelo juiz Sérgio Moro, e deveria ser trasladado durante o dia até Curitiba.

Porém, dezenas de militantes bloquearam a saída do veículo em que o ex-presidente pretendia deixar o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde está desde quinta-feira.

Após vários minutos de bloqueio, Lula saiu do veículo de seus advogados, rodeado por manifestantes que gritavam "Não se renda!", e voltou à sede sindical, constatou a AFP.

Em Curitiba, a polícia decidiu alinhar barreiras de agentes e de veículos para manter separados por cerca de 30 metros partidários e críticos do ex-presidente (2003-2010), que será encaminhado à sede da Polícia Federal (PF).

"Tudo isso é para que não se misturem, para que não haja brigas", explicou um comandante do Batalhão de Policiamento de Trânsito da PM, o tenente-coronel Naasson Polak.

Ao meio-dia, sob um sol escaldante, simpatizantes de Lula começaram a chegar ao local.

Lula "foi o melhor presidente do Brasil, fez uma revolução social, sua prisão é injusta e ilegal", disse à AFP Eunice Campos, psicopedagoga de 60 anos.

Um manifestante que vestia uma camiseta identificada com um grupo de "direita de Curitiba" se meteu na multidão de camisetas vermelhas dos partidários de Lula, que rapidamente o rodearam e o "convidaram a se retirar", em frente a uma grande quantidade de câmeras de televisão.

"Não sei porque me insultam", disse, assegurando estar motivado por "intenções pacíficas", enquanto era tratado como "golpista" e "fascista".

No meio da tarde, começaram a aparecer manifestantes contrários a Lula.

"Estamos aqui pra mostrar que não queremos mais impunidade. O povo acordou", disse Thais Taques, recepcionista de 33 anos.

"O Lula está dando gargalhada na cara do povo. Foram muitos anos de corrupção. E olha como estão a nossa segurança pública, saúde, educação", acrescentou Taques, que vestia uma camiseta com a imagem do deputado de extrema-direita Jair Bolsonaro, candidato às eleições presidenciais de outubro.

Lula será alojado em uma cela especial da PF, de 15 metros quadrados, com banheiro privativo.

A sala é "bastante humanizada, bastante tranquila, um ambiente agradável, mas nada especial", afirmou Jorge Chastalo, chefe da equipe de custódia da sede policial.

Lula terá direito a uma visita semanal de familiares próximos, e poderá tomar "banhos de sol" duas horas por dia.

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