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Tensão cambial aumenta com IOF no Brasil e juro zero no Japão

Com o aumento do IOF, governo espera diminuir a entrada de dólar no país, o que está elevando a cotação do real

O ministro da Fazenda, Guido Mantega: Brasil dobrou o IOF para conter a força do real (.)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega: Brasil dobrou o IOF para conter a força do real (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Londres - Os esforços de muitas economias desenvolvidas e emergentes para controlar a valorização de suas moedas estão ganhando força, com o Brasil tomando a medida mais recente antes da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta semana.

As medidas vêm em meio à continuidade de juros baixos na Europa e a preocupações de que os Estados Unidos entrem uma depreciação passiva do dólar através de injeções de liquidez pelo Federal Reserve. A pressão resultante levou o câmbio ser prioridade nas discussões dos ministros das Finanças do G7 na sexta-feira.

O governo brasileiro dobrou o IOF na segunda-feira para conter a força do real, que é impulsionado pelos juros altos e pelo fluxo decorrente da capitalização da Petrobras. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já disse que o mundo vive uma "guerra cambial" que ameaça a competitividade brasileira no comércio internacional.

Em uma ação inesperada, o Japão cortou as taxas de juros para zero e prometeu injetar mais capital na economia, que tem dificuldades de competição com o iene perto da máxima em 15 anos frente ao dólar.

Aumentando a tensão cambial, autoridades monetárias de economias emergentes asiáticas expressam preocupações cada vez maiores sobre o risco de uma inundação de capital especulativo em seus mercados. A Coreia do Sul avisou os investidores que pode impor mais limites para operações a termo, enquanto Índia e Tailândia disseram estar buscando medidas para controlar o avanço da especulação.

"Eu não prevejo que estejamos entrando em uma era de guerras cambiais, mas claramente haverá tensões", afirmou na segunda-feira o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, pedindo medidas para aliviar a tensão.


 

"O dinheiro está caçando rendimento e não pode encontrar esses rendimentos nas economias desenvolvidas. Isso não está apenas elevando o câmbio em países em desenvolvimento... (mas) também está impulsionando os preços de ativos com risco de bolhas", acrescentou.

Embate chinês
Os mercados emergentes estão vendo enormes ingressos de capital, enquanto economias desenvolvidas e a China continuam determinadas a restringir a valorização de suas moedas.

Autoridades da zona do euro pediram nesta terça-feira que a China permita uma "apreciação ordenada, significativa e fundamentada" do iuan, mas disse que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, discorda que a moeda esteja subvalorizada.

Os ministros das Finanças do G7 discutirão neste fim de semana questões de crescimento econômico e moedas inflexíveis, de acordo com o ministro das Finanças canadense, Jim Flaherty, que presidirá a reunião informal de 8 de outubro, em Washington.

O encontro coincide com o início das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) na capital norte-americana. Os ministros das Finanças do G20 também irão se reunir na Coreia do Sul em 22 de outubro.

Medidas
O Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês), que representa mais de 420 bancos em mais de 70 países, pediu nesta semana que as principais economias tomem medidas urgentes para lidar com as questões cambiais e melhorem a coordenação de política para ajudar a recuperação econômica mundial.

Apesar de tentativas de coordenação pelos países do G20 durante a crise financeira, os bancos centrais têm atuado de maneira unilateral.

O anúncio do Banco do Japão de cortar os juros a zero, que vem após meses de resistência a pedidos do governo, surpreendeu os mercados e antecipou o Federal Reserve ao dar uma nova dose de estímulos à economia.

O Japão gastou 2,1 trilhões de ienes (25,18 bilhões de dólares) em intervenção cambial no mês até 28 de setembro, depois de atuar no mercado pela primeira vez em seis anos.

O Brasil, que dobrou para 4 por cento o imposto sobre as compras estrangeiras de bônus nacionais, está entre os países com juros mais altos, de 10,75 por cento. Isso encoraja a entrada de capital, que levou o real à máxima em dois anos frente ao dólar.

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