Corpo do cinegrafista Santiago Andrade, morto durante protesto, é velado no Rio de Janeiro (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 20h08.
Rio - "Tenho muita pena desses dois rapazes. Eles não tiveram amor". A frase da viúva do cinegrafista Santiago Andrade, Arlita Andrade, surpreendeu a todos durante o velório na manhã desta quinta-feira, 13, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na zona portuária do Rio. Há apenas cinco dias, ela perdeu o marido, vítima de um rojão na cabeça enquanto cobria uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus na cidade.
Dezoito anos mais velha que o marido, ela lembrou a história do casal e que foi auxiliar de câmera de Andrade no início da carreira. Apesar de gostar de coberturas inusitadas e de grande repercussão, Andrade se preocupava com a violência e a segurança contra sua equipe. "Eu falava: 'Poxa, amor, faz uma coisa mais leve.' Ele dizia, brincando: 'Eu gosto de tiro, porrada e bomba'. O sonho dele era ser repórter cinematográfico".
A filha de Andrade, a jornalista Vanessa Andrade, agradeceu aos presentes e afirmou que a morte do pai não será em vão. "Vou exigir que a Band dê segurança (aos funcionários)". Muito serena, ela disse que "com certeza, meu pai está muito feliz por ver todos juntos aqui".
A pedido dela, diversas pessoas vestiam camisas do Flamengo como última homenagem ao cinegrafista. Arlita acrescentou os dizeres "Santiago, sempre te amarei", nas costas. Colegas da Band e de outras emissoras vestiram uma camisa com uma charge na frente: no céu, com a roupa que vestia no dia em que foi atingido pelo rojão (calça jeans e camisa vermelha), Andrade diz no desenho "Uau! Que ângulo!". Nas costas, a frase "Poderia ter sido qualquer um de nós".