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Temer tem prazo de 10 sessões na Câmara para apresentar defesa

Inicialmente, a intenção do governo era acelerar a votação, já que acredita ter o apoio necessário para derrubar o processo; agora, avalia jogar com o tempo

Temer e seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures são acusados de corrupção passiva (Ueslei Marcelino/Reuters)

Temer e seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures são acusados de corrupção passiva (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de junho de 2017 às 09h12.

Brasília - O presidente Michel Temer foi notificado na tarde de quinta-feira, 29, para que apresente sua defesa na denúncia contra ele por corrupção passiva encaminhada pela Procuradoria-Geral da República.

A peça chegou à Câmara dos Deputados pela manhã, foi lida em sessão esvaziada e agora começa a contar o prazo de dez sessões plenárias para que o peemedebista entregue a defesa.

Coube ao primeiro-secretário da Mesa, deputado Fernando Giacobo (PR-PR), notificar o Palácio do Planalto do início da tramitação.

Inicialmente, a intenção do governo era acelerar a votação, já que acredita ter o apoio necessário para derrubar o processo. Agora, no entanto, avalia jogar com o tempo para fazer com que todas as denúncias que eventualmente forem apresentadas contra ele pela PGR tramitem em conjunto.

Em seu primeiro pronunciamento público sobre o assunto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse acreditar não ser possível votar todas as denúncias juntas. Segundo ele, se o procurador-geral Rodrigo Janot decidiu "fatiar" as acusações, não caberia à Câmara reuni-las.

"Eu não estou tratando do apensamento. Eu estou tratando da denúncia que tem. Eu acredito que Janot vai encaminhar outra peça. Se fosse a mesma peça, não viria separado. Como Janot é um homem preparado, ele não vai copiar e colar, ele vai apresentar outros argumentos", disse.

Janot ainda pode apresentar outras denúncias contra o presidente, por obstrução da Justiça e organização criminosa, com base nas delações de executivos do Grupo J&F, controlador da JBS, entre elas a do empresário Joesley Batista.

No documento que chegou ontem à Câmara, Temer e seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) - filmado ao receber uma mala com R$ 500 mil em São Paulo - são acusados de corrupção passiva.

Maia disse também que, embora ainda vá discutir o tema com os demais parlamentares da Casa, caberia ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), decidir pelo apensamento, caso considere que as denúncias devam tramitar em conjunto.

'Republicana'

Visivelmente desconfortável, Maia abriu a sessão em que foi lida a denúncia de 60 páginas, mas deixou o plenário antes de concluída a leitura para se encontrar com Temer.

Em sua declaração a jornalistas, fez questão de ressaltar que, apesar de aliado do presidente, vai adotar uma postura "republicana" e discutir a tramitação da denúncia com deputados da base e da oposição.

"Eu estou discutindo tudo, com todos os líderes, inclusive da oposição, apesar de o meu partido ser da base. Isso aqui vai ser um debate republicano, a instituição precisa ser preservada, aqui não é para defender nem a posição do presidente, nem a posição da oposição, nem da PGR", afirmou.

Comissão

Após Temer ser notificado, a denúncia foi encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde se dará a primeira etapa da tramitação na Casa.

Caberá ao presidente do colegiado, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), escolher o relator do processo, que deve ser um dos 66 membros da CCJ. O nome será anunciado na próxima terça-feira para evitar pressão antecipada sobre o relator.

Após o prazo regimental de dez sessões plenárias para a apresentação da defesa, que pode ser encurtado caso os advogados de Temer desejem, haverá mais cinco sessões para que o relatório seja votado na CCJ.

Independentemente do resultado, a denúncia segue para o plenário. Para que o processo prossiga no STF, são necessários os votos de 342 deputados.

Se isso ocorrer, Temer será afastado da Presidência por 180 dias. Primeiro na linha sucessória, Maia assumiria o cargo até a conclusão do processo.

Incomodado com as especulações de aliados do Planalto de que sua "rebeldia" se deve à intenção de concorrer ao governo mineiro em 2018, Pacheco avisou que não vai escolher um relator abertamente governista.

Alceu Moreira (PMDB-RS) e Jones Martins (PMDB-RS) estão praticamente fora do páreo. Figuram como possíveis relatores Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), Esperidião Amin (PP-SC), José Fogaça (PMDB-RS) e os tucanos Betinho Gomes (PE) e Fábio Sousa (GO).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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