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Temer reage com cautela ao anúncio de Janot sobre delação da JBS

Já o Palácio do Planalto comemorou o que já pode ser contado como um ganho político para o governo

Temer: "A consequência política mais evidente é no Congresso", disse uma fonte palaciana (Mario Tama/Getty Images)

Temer: "A consequência política mais evidente é no Congresso", disse uma fonte palaciana (Mario Tama/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 21h29.

Brasília - O presidente Michel Temer reagiu com cautela ao anúncio de que a Procuradoria-geral da República vai investigar e pode desfazer o acordo de delação premiada com os executivos da J&F, mas o Palácio do Planalto comemorou o que já pode ser contado como um ganho político para o governo.

"A consequência política mais evidente é no Congresso. O que aconteceu já é grave o suficiente para ter impacto político sim", disse uma fonte palaciana.

Temer estava acordando em Xiamen (China), onde participa da Cúpula dos Brics, quando foi informado de que Janot faria um pronunciamento, contou um auxiliar do presidente. Depois, foi informado pelo mesmo auxiliar do conteúdo das declarações do procurador-geral.

"O presidente recomendou cautela e serenidade. Precisamos avaliar os fatos para ter um diagnóstico mais preciso. Teoricamente foi positivo para o governo, mas é preciso esperar para ter todos os fatos", disse a fonte.

Temer ainda estava tentando fazer contato com seu advogado, Antonio Mariz de Oliveira, para ter mais detalhes das consequências. Uma delas, explicou a fonte, pode ser o questionamento das provas que foram apresentadas.

As declarações do procurador-geral, Rodrigo Janot, que colaboradores --um deles é Joesley Batista, um dos donos da JBS, controlada da J&F-- omitiram informações com indícios de crimes "gravíssimos" confirma, segundo a fonte, a tese defendida pelo Planalto desde o início, de que a denúncia era açodada e de que havia mentiras e omissões.

"Desde o início falamos que tinha de investigar mais profundamente para fazer uma denúncia contra o presidente da República. A tese de que havia mentira e omissão está comprovada", disse a fonte.

O Planalto esperava para esta semana a segunda denúncia que Janot sinalizou que apresentará contra o presidente Michel Temer. No Congresso, parlamentares, mesmo da base, admitiam que o governo saiu enfraquecido da negociação para barrar a primeira denúncia e que a fatura de um segundo acordão poderia ser ainda mais alto. A menos que a denúncia fosse fraca.

Reforço no discurso de Temer

Apesar de Janot garantir que as provas ainda são válidas, o fato de Joesley --que no Planalto é chamado de Mentiroso Geral da República-- ter omitido fatos e mentido no acordo facilita o discurso para os parlamentares e desses para suas bases.

Na sexta-feira, depois de uma entrevista à revista Veja em que Joesley Batista chamou Temer de "Ladrão Geral da República", o Planalto divulgou uma nota em que já chamava o empresário de mentiroso. "No seu gravador, vários outros grampos foram escondidos e apagados. Joesley mentiu, omitiu e continua tendo o perdão eterno do procurador-geral", dizia o texto.

Presidente interino da Câmara durante a viagem de Temer, o deputado André Fufuca (PP-MA), afirma que não há como saber se a nova situação ajuda ou não o presidente.

"Isso na verdade cabe à Procuradoria e ao Judiciário. À Câmara caberá se manifestar no momento em que tiver o seu manifesto", disse.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), que liderou a ala do partido que votou a favor da primeira denúncia contra Temer, disse que vê a situação como um problema do delator e que será preciso analisar o impacto disso para a segunda denúncia contra o presidente.

"Imagino que o problema é de quem fez a delação, pode não ter complementado as provas, não ter oferecido todo tipo de sustentação", disse.

Procurado pela Reuters, Mariz não retornou ligações nem mensagens. Oficialmente, o Planalto não vai se manifestar.

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