Brasil

Temer liberou R$ 134 milhões em emendas para aliados na CCJ

Sozinho, o autor do parecer favorável a Temer ganhou R$ 5,1 milhões em emendas; já o relator que se opôs a ele começa a sentir o gosto amargo da retaliação

Deputados votam parecer favorável a Temer na CCJ, dia 13/07/2017 (Adriano Machado/Reuters)

Deputados votam parecer favorável a Temer na CCJ, dia 13/07/2017 (Adriano Machado/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 15 de julho de 2017 às 08h15.

Última atualização em 15 de julho de 2017 às 08h25.

São Paulo – No mês passado, quando a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ameaçava o presidente Michel Temer, o Palácio do Planalto abriu a carteira para manter aliados satisfeitos — já de olho nas votações decisivas para o futuro do governo.

Segundo levantamento da ONG Contas Abertas,  o  governo liberou em junho mais de 2 bilhões de reais para parlamentares de 27 partidos e bancadas estaduais. Desse total, 134 milhões de reais foram empenhadas para emendas de 36 dos 40 deputados que derrubaram o parecer favorável à denúncia contra Temer. Entre os que aprovaram o primeiro relatório, o valor desembolsado caiu pela metade: 66 milhões de reais.

Mas dois parlamentares que votaram contra Temer foram os alvos do maior montante em emendas empenhado em junho. Marcos Rogério (DEM-RO) e Silvio Torres (PSDB-SP) receberam, respectivamente, 5,3 milhões e 5,1 milhões de reais.

Já o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), autor do relatório alternativo que rejeitou a denúncia contra o peemedebista, é o aliado que ganhou mais recursos do governo: foram 5,1 milhões de reais empenhados em emendas para ele em junho.

Dois aliados de Temer que assumiram uma cadeira na CCJ nas vésperas da votação também aparecem na lista dos mais “abonados” com emendas em junho: são eles os deputados Beto Mansur (PRB—SP) e Carlos Marun (PMDB-MS), que receberam 5 milhões de reais cada.

A expectativa é de que a denúncia seja apreciada pelo plenário da Câmara a partir de 2 de agosto, caso o governo consiga montar quórum suficiente. Para garantir votos, o Planalto já cogita fazer uma reforma ministerial dando prioridade (e mais espaço) para aliados e punindo traidores.

O relator do parecer contrário a Temer, o  deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), já começou a sentir o gosto amargo da retaliação do Planalto: ele perdeu ontem o posto de vice-líder do PMDB na Câmara e de coordenador da bancada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Deve ser ainda substituído na comissão. O valor de emendas empenhadas para ele em junho? Zero reais.

 

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosCrise políticaGoverno TemerMDB – Movimento Democrático BrasileiroMichel TemerPolíticaRodrigo JanotSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022