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Temer e Macri irão acertar rumo liberal no Mercosul

Michel Temer visitará a Argentina na próxima segunda-feira para marcar a vontade bilateral de revisar os caminhos do Mercosul


	Michel Temer: nas discussões com Mauricio Macri o presidente brasileiro analisará temas relacionados "à segurança e ao desenvolvimento das regiões de fronteira"
 (Christopher Goodney/Bloomberg)

Michel Temer: nas discussões com Mauricio Macri o presidente brasileiro analisará temas relacionados "à segurança e ao desenvolvimento das regiões de fronteira" (Christopher Goodney/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2016 às 21h49.

Michel Temer visitará a Argentina na próxima segunda-feira (3) para marcar o novo rumo liberal do Brasil e a vontade bilateral de revisar os caminhos do Mercosul, com enfoque para temáticas mais comerciais e menos políticas.

No mesmo dia, Temer viajará ao Paraguai, país com o qual o Brasil compartilha a estratégica represa hidrelétrica de Itaipu.

Nas discussões com seu colega argentino, Mauricio Macri, o presidente brasileiro analisará temas relacionados "à segurança e ao desenvolvimento das regiões de fronteira", assim como "o fortalecimento econômico e comercial do Mercosul e as negociações externas do bloco", em meio à crise envolvendo a recém-chegada Venezuela.

A visita à Argentina é a primeira estritamente bilateral após a posse definitiva de Temer, que substituiu Dilma Rousseff após o impeachment.

Em setembro, o presidente esteve na China, principal parceiro comercial do Brasil, por ocasião da Cúpula do G20 - das potências industrializadas e emergentes - em Hangzhou. Em seguida, Temer participou da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Macri, um político liberal, chegou ao poder em 2015, acabando com mais de uma década de governos de centro esquerda.

"Afinidade significativa"

"Não acredito que abordem detalhes operacionais nessa primeira visita", mas a reunião será entre "duas figuras com um potencial de afinidade significativo", disse à AFP Celso Lafer, chanceler do governo Fernando Henrique Cardoso.

Marcará uma "mudança de rumos", tanto na relação bilateral quanto no "papel que o Mercosul deverá ter", que se distanciará da agenda "bolivariana" defendida pela Venezuela, país mergulhado na crise econômica e política.

Os quatro países fundadores do Mercosul assumiram este mês, de forma colegiada, a presidência do Bloco, a qual caberia à Venezuela pelo critério alfabético. Enquanto isso, exortaram o governo do presidente Nicolás Maduro a adotar, até dezembro, todos os compromissos de adesão ao Bloco, especialmente a cláusula democrática.

Em entrevista concedida à imprensa brasileira, Macri declarou que quer discutir "em profundidade" com Temer a situação na Venezuela e declarou: "se a Venezuela não cumprir (os compromissos) até 1º de dezembro, deixará de pertencer ao Mercosul".

Segundo Lafer, "o prazo já existe (...) e agora há um tempo de reflexão", à espera de que Caracas faça algo.

Os dois principais sócios do Mercosul também estão decididos a promover um acordo de livre-comércio com a União Europeia (UE).

Em Assunção, Temer se reunirá com o presidente Horacio Cartes, um dos mais ferrenhos adversários externos de Maduro.

"A visita ao nosso país do presidente Temer reflete o excelente momento, pelo qual passam as relações e as coincidentes posições sobre assuntos regionais", declarou a Chancelaria, na semana passada, em Assunção.

O Brasil é o principal destino das exportações da Argentina, o terceiro principal sócio comercial dos brasileiros, depois de China e Estados Unidos. O comércio bilateral somou US$ 23 bilhões em 2015 e US$ 14 bilhões nos primeiros oito meses de 2016, segundo o Itamaraty.

O mercado brasileiro é também o principal destino das exportações paraguaias, com um comércio bilateral que totalizou US$ 3,3 bilhões, em 2015, e US$ 2,1 bilhões, entre janeiro e agosto deste ano.

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