Temer: ex-presidente afirma que é preciso de mais diálogo ( Esfera Brasil/Divulgação)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 15h31.
O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira, 25, que insistiria em ligar para o presidente americano Donald Trump até conseguir falar sobre o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros.
"Eu colocaria a imprensa em uma sala e telefonaria. Se ele não atendesse, eu diria: 'Olha, eu fiz o possível, tentei conversar, ele não quer conversar. Voltem amanhã que vou fazer um novo telefonema'", afirmou Temer em conversa com jornalistas durante o Seminário Brasil Hoje, organizado pelo grupo Esfera Brasil, em São Paulo.
Temer classificou a medida americana como exagerada e lamentou a imposição de tarifas e sanções contra autoridades brasileiras, mas reforçou que a ausência de diálogo entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos contribuiu para o agravamento da crise.
"Com muita franqueza, falta um pouco mais de tentativa de diálogo desde o início do governo com o governo norte-americano", disse.
Apesar de o governo Trump justificar a medida com base na suposta perseguição do Judiciário brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Temer associou as ações americanas a interesses econômicos e citou o debate sobre a substituição do dólar como moeda de referência no comércio internacional.
"[Vejo] um retruque à história de querer manobrar o dólar como moeda universal. Isso se discutiu na reunião do BRICS", afirmou.
Temer também criticou a pressão de autoridades americanas sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), classificando qualquer tentativa de interferência como "equívoco muito grande".
"Um estado estrangeiro tentar influenciar a decisão do Judiciário brasileiro é um equívoco muito grande", disse.
O ex-presidente saiu em defesa do ministro do STF Alexandre de Moraes, indicado por ele ao Supremo. Temer chamou Moraes de "conhecidíssimo constitucionalista" e destacou que qualquer decisão tomada por ele se baseará nas provas dos autos.
“Eu não conheço os autos, mas tenho absoluta confiança no que ele faz”, afirmou Temer.
O julgamento de Bolsonaro e aliados — acusados de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa — está marcado para o dia 2 de setembro.