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Temer diz que insistiria em telefonar a Trump para tratar de tarifaço de 50%

O ex-presidente reforçou que a ausência de diálogo entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos contribuiu para o agravamento da crise

Temer: ex-presidente afirma que é preciso de mais diálogo ( Esfera Brasil/Divulgação)

Temer: ex-presidente afirma que é preciso de mais diálogo ( Esfera Brasil/Divulgação)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 25 de agosto de 2025 às 15h31.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira, 25, que insistiria em ligar para o presidente americano Donald Trump até conseguir falar sobre o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros.

"Eu colocaria a imprensa em uma sala e telefonaria. Se ele não atendesse, eu diria: 'Olha, eu fiz o possível, tentei conversar, ele não quer conversar. Voltem amanhã que vou fazer um novo telefonema'", afirmou Temer em conversa com jornalistas durante o Seminário Brasil Hoje, organizado pelo grupo Esfera Brasil, em São Paulo.

Temer classificou a medida americana como exagerada e lamentou a imposição de tarifas e sanções contra autoridades brasileiras, mas reforçou que a ausência de diálogo entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos contribuiu para o agravamento da crise.

"Com muita franqueza, falta um pouco mais de tentativa de diálogo desde o início do governo com o governo norte-americano", disse.

Apesar de o governo Trump justificar a medida com base na suposta perseguição do Judiciário brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Temer associou as ações americanas a interesses econômicos e citou o debate sobre a substituição do dólar como moeda de referência no comércio internacional.

"[Vejo] um retruque à história de querer manobrar o dólar como moeda universal. Isso se discutiu na reunião do BRICS", afirmou.

Absoluta confiança em Moraes

Temer também criticou a pressão de autoridades americanas sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), classificando qualquer tentativa de interferência como "equívoco muito grande".

"Um estado estrangeiro tentar influenciar a decisão do Judiciário brasileiro é um equívoco muito grande", disse.

O ex-presidente saiu em defesa do ministro do STF Alexandre de Moraes, indicado por ele ao Supremo. Temer chamou Moraes de "conhecidíssimo constitucionalista" e destacou que qualquer decisão tomada por ele se baseará nas provas dos autos.

“Eu não conheço os autos, mas tenho absoluta confiança no que ele faz”, afirmou Temer.

O julgamento de Bolsonaro e aliados — acusados de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosaestá marcado para o dia 2 de setembro.

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