Michel Temer: o presidente não quis discutir a orientação que dará à sua base na votação do assunto no Congresso Nacional (Christopher Goodney/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2016 às 16h39.
Nova York - O presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira, 21, que foi "supreendente" a declaração de seu articulador político, Geddel Vieira Lima, em favor da proposta que anistia a prática de caixa 2 em campanhas eleitorais.
"Pessoalmente eu acho que não é bom, mas vou chegar lá, quero esclarecer isso", declarou Temer em entrevista coletiva em Nova York.
Segundo ele, a posição de Geddel é "personalíssima" e não reflete a posição do governo. "Eu pessoalmente acho que isso é matéria do Congresso Nacional, mas eu pessoalmente não vejo razão para prosseguir ou prosperar nesta matéria", ressaltou.
Mas o presidente não quis discutir a orientação que dará à sua base na votação do assunto no Congresso Nacional. Temer ressaltou que não pretende interferir na atuação do Legislativo.
Nesta terça-feira, 20, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, afirmou que o Palácio do Planalto não foi consultado sobre a tentativa de votar a anistia à prática do caixa 2, mas disse ser "pessoalmente" a favor da medida.
Para Geddel, se o Ministério Público Federal propôs um projeto para criminalizar o caixa 2, isso significa que esse tipo de prática não é considerado crime hoje em dia.
Segundo o ministro, uma coisa é o político ser penalizado com base na legislação eleitoral e outra é o que vem acontecendo no âmbito da Operação Lava Jato, em que as condenações têm sido por corrupção e lavagem de dinheiro.
Na segunda, em uma tentativa atrapalhada, líderes de praticamente todos os grandes partidos tentaram articular a votação de uma proposta com esse fim.
Foi colocado em pauta um projeto de 2007 sobre mudanças em regras eleitorais e uma emenda seria proposta para que houvesse anistia aos políticos que praticaram caixa 2 no passado.
Ninguém assumiu a autoria da proposta, mas as articulações da iniciativa teriam contado com o aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está interinamente ocupando o cargo de presidente da República enquanto Michel Temer está nos Estados Unidos.
Polarização
Temer também disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "tem condições" de ir ao Poder Judiciário e apresentar seus argumentos de defesa no processo em que é acusado de corrupção na operação Lava Jato. "Se eu estivesse no lugar dele iria ao Judiciário para debater."
Perguntado se a aceitação da denúncia contra o petista polarizaria ainda mais o país, o presidente disse que essa polarização deve ocorrer no plano jurídico.
"Não sei quais serão as reações. Acho que deve polarizar no plano Jurídico. No plano jurídico, certa e seguramente, eu espero que seja assim. O sr. ex-presidente tem condições de ir ao Judiciário e, aí sim, polarizar com argumentos."
Temer disse que não se manifestaria sobre a atuação do Poder Judiciário ou do Ministério Público, que são independentes. "Não será o Poder Executivo que vai julgar", afirmou.