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Temer diz que não vale a pena falar em impeachment de Janot

Presidente interino afirmou acreditar que a discussão sobre impeachment do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não deve ser levada adiante


	Michel Temer: "Sob o ângulo pessoal, acho que o procurador fez o papel dele"
 (Adriano Machado / Reuters)

Michel Temer: "Sob o ângulo pessoal, acho que o procurador fez o papel dele" (Adriano Machado / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2016 às 11h16.

Brasília - O presidente em exercício, Michel Temer, afirmou na manhã desta quarta-feira, 22, em entrevista à rádio Jovem Pan que não acredita que a discussão sobre o impeachment do Procurador da República, Rodrigo Janot, deva ser levada adiante.

"Eu acho que realmente não vale a pena", disse. Temer disse ainda que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), arquivou cinco pedidos de impeachment do procurador.

"Se não me engano esse é o sexto e que eu tenho a sensação de que não irá adiante", afirmou.

Segundo o presidente em exercício, Janot "cumpriu o seu papel" ao pedir a prisão de caciques peemedebistas e o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavaski também cumpriu o seu papel ao negar o pedido.

Indagado sobre quem estaria com a razão, Temer, que também é do PMDB, disse que "é muito complicado qualquer palpite".

"Sob o ângulo pessoal, acho que o procurador fez o papel dele, não sei quais são as razões que ele estará possivelmente motivado com os depoimentos. E o ministro Teori também fez o seu papel do meu ponto de vista também adequadamente. Ele entendeu que não era o caso de neste momento decretar a prisão", disse.

Para Temer, ao longo do tempo as instituições no Brasil foram enfraquecidas e é preciso reconstitucionalizar o país. "E enaltecer as atividades das instituições estaremos aprimorando essa tentativa de reconstitucionalizar", disse.

Ao ser questionado sobre as afirmações de Janot de que ele pudesse estar interferindo na Operação Lava Jato por meio de uma "conspiração", Temer disse o procurador se baseou na delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e que aquilo não é necessariamente uma convicção de Janot. "Janot faz esse raciocínio tendo em vista as afirmações do Sérgio Machado", disse.

Temer disse ainda que "reiteradamente, ao contrário de desprestigiar a Lava Jato eu tenho apoiado". "Eu tenho muita convicção da importância de cada função do Estado. A minha pergunta é o seguinte: o Poder Executivo poderia interferir no Poder Judiciário? zero chance", afirmou.

Segundo Temer, essa interferência não é possível pelo respeito ás instituições. "Jamais permitiria que eu ou alguém do governo pudesse interferir nessa matéria", afirmou. Segundo o presidente em exercício, as investigações da Lava Jato continuam normalmente.

Avanços importantes

Michel Temer afirmou também que a sua interinidade "acaba criando alguns problemas, algumas instabilidades", mas que tem se comportado como se fosse um presidente já efetivado.

"Por uma razão que o que está em pauta não é o presidente A ou B, o que está em pauta é o País", disse. "O País não pode parar."

Temer afirmou que seu governo, mesmo com poucos dias no comando, já conseguiu "alguns avanços importantes no Congresso". Segundo ele, esses avanços são consequência "em primeiro lugar por compreensão da sociedade e por conta do apoio significativo que conseguimos do Congresso".

Temer disse que está aguardando "respeitosamente a decisão o Senado Federal" sobre a definição do processo de impeachment, mas já está tomando providências para tirar o País da crise.

Ele citou a extinção e 4,2 mil cargos e a eliminação de 10 mil funções gratificadas. "É uma tentativa de reduzir o quanto seja possível os gastos públicos", explicou.

O presidente citou uma entrevista que deu ontem ao jornal Washington Post, que deve ser veiculada no domingo, 26, e disse que verificou que os norte-americanos têm "grande esperança e já há uma credibilidade nova no Brasil".

"Mas é claro que a pergunta sempre se põe desta maneira: o que vai acontecer em agosto?". "Isso desestabiliza um pouco, mas volto a dizer que não é impossível governar e depois de agosto as coisas ficam mais consolidadas para tomar muitas outras providências", afirmou.

Segundo ele, essa dúvida dos investidores em relação ao futuro político do Brasil demonstra que o aspecto político é importante para a recuperação a economia. "A economia está vinculada à pacificação política", avaliou.

Base consolidada

O presidente em exercício afirmou na entrevista à rádio paulistana que as perspectivas em termos da aprovação do projeto que limita os gastos no governo é positiva, em razão da base "muito consolidada" que o seu governo possui no Congresso.

"Hoje nós temos uma base, convenhamos, que há muito tempo não se verificava", afirmou, citando a rápida aprovação do projeto de Desvinculação de Receitas da União (DRU).

Temer falou ainda do projeto de limitação do teto de gastos e reforçou que ele não valerá apenas para a União, mas também para os Estados, como ficou acertado no acordo de renegociação de dívidas. "Essa base sólida está disposta a partilhar conosco a tentativa de tirar o País da crise", afirmou. "Quando apresentamos a proposta do teto dos gastos ela foi muito bem recebida", completou.

O peemedebista disse ainda que a questão da reforma da Previdência "e outras tantas medidas" complementares serão necessárias para ajudar na retomada da economia. "Já estamos estudando a questão da reforma da Previdência, dialogando com as centrais sindicais para encontrarmos os termos harmoniosos para fazer uma reforma previdenciária, que é uma complementação às medidas de contenção de gastos".

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