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Temer diz a Moro não saber de negócios de Cunha na Petrobras

Arrolado por Cunha como sua testemunha de defesa, o presidente respondeu 20 perguntas de forma lacônica

Investigações: o depoimento de Temer foi dado por escrito (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Investigações: o depoimento de Temer foi dado por escrito (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de dezembro de 2016 às 12h56.

São Paulo - O presidente Michel Temer declarou ao juiz federal Sérgio Moro que "não tem conhecimento" de participação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB/RJ) na compra do campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobras, em 2011.

O depoimento de Temer foi dado por escrito. Arrolado por Cunha como sua testemunha de defesa, o presidente respondeu 20 perguntas de forma lacônica.

Benin é o ponto central da acusação ao deputado cassado, preso na Lava Jato. Ele teria recebido propina milionária pelo negócio.

Na ação penal em que é réu por corrupção e lavagem de dinheiro, Eduardo Cunha incluiu no roteiro de 41 perguntas ao presidente duas questões sobre o advogado José Yunes, que teria recebido parte de propina de R$ 10 milhões da Odebrecht, segundo delação premiada de um executivo ligado à empreiteira Cláudio Melo Filho.

Mas o juiz Moro vetou essas indagações sob argumento que elas não têm pertinência com o processo.

Entre as 20 perguntas que restaram, uma delas abordava Benin. "Vossa Excelência tem conhecimento de alguma participação do sr. Eduardo Cunha na compra do campo de petróleo em Benin?"

"Não", respondeu Temer.

Outra indagação ao presidente. "Vossa Excelência tem conhecimento de alguma participação do sr. Eduardo Cunha em algum assunto relacionado à Petrobras?" "Não", respondeu, da mesma forma, Temer.

Uma parte do relato de Temer se restringiu à tentativa de o então diretor de Internacional da Petrobras Nestor Ceerveró se manter no cargo - cota do PMDB.

Sob ameaça de ser destituído da diretoria Internacional, porque não estaria repassando propinas ao partido, Cerveró recorreu ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula.

Temer admitiu ter recebido Cerveró e Bumlai em seu escritório, em São Paulo, para tratar do tema.

"Foi procurado pelo sr. José Carlos Bumlai para tentar manter o sr. Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobras?"

"Sim. Como era presidente do Partido, fui procurado pelo sr. José Carlos Bumlai para tratar dessa questão", disse Temer. O presidente disse que conheceu Bumlai "quando foi procurado por ele na presidência do Partido para tratar dessa aludida questão"

"Recebeu o sr. Nestor Cerveró para discutir a permanência dele na Diretoria Internacional da Petrobrás?"

"Sim, fui procurado por ele para tratar desse assunto", admitiu Temer. "Não recordo a data. Foi quando o conheci. O local foi no meu escritório em São Paulo, acompanhado do sr. Bumlai."

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