Brasil

Temer discute estratégica jurídica e política de defesa

O presidente pensou em delegar a um advogado, que poderia ser seu amigo Antônio Mariz, a missão de falar em seu nome, defendendo-o das acusações

Michel Temer: outra estratégia na qual o governo está trabalhando também é entrar na Justiça contra o empresário Joesley Batista, pelas acusações contra ele (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)

Michel Temer: outra estratégia na qual o governo está trabalhando também é entrar na Justiça contra o empresário Joesley Batista, pelas acusações contra ele (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de maio de 2017 às 15h53.

Brasília - Diante da divulgação de novos trechos da delação do dono da JBS, Joesley Batista, citando o presidente Michel Temer, o governo dedicou a manhã desta sexta-feira, 19, a discutir estratégias jurídicas e políticas de defesa a serem desenvolvidas, não só por conta da instauração do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), mas também pelos processos de abertura de impeachment no Congresso.

Além da possibilidade, que ainda não foi descartada, de Temer voltar a fazer um pronunciamento rebatendo as acusações de ontem e das novas, que estão sendo divulgadas hoje, o presidente pensou até mesmo em delegar a um advogado, que poderia ser seu amigo Antônio Mariz, a missão de falar em seu nome, defendendo-o das acusações.

Mariz se reuniu com Temer no Palácio do Jaburu ontem à noite, voltou lá na manhã de hoje e prosseguiu em conversas no Palácio do Planalto.

A ideia que estava sendo discutida, neste final de manhã, é colocar um advogado rebatendo todos os ataques feitos ao presidente.

A estratégia terá de ser feita em parceria com a área jurídica do governo, para não ter desacordo nos termos da defesa e conflito de informações.

Mas o que será feito nestes termos, ainda está sendo objeto de discussão, para posterior decisão de Temer, em conversas com Mariz, o secretário de assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale, e seus ministros mais próximos.

Outra estratégia na qual o governo está trabalhando também é entrar na Justiça contra o empresário Joesley Batista, pelas acusações contra ele.

Há ainda a possibilidade de Temer acionar o STF contra a abertura de inquérito.

Outras ideias ainda estão discutidas e trabalhadas também como forma de mostrar que o presidente não está na defensiva e que não aceita as acusações e ilações que estão sendo feitas contra ele.

Na manhã desta sexta-feira, quando recebeu Mariz logo cedo, no Jaburu, e decidiu transferir para o final do dia a reunião com os comandantes militares, Temer achava importante voltar a falar. Mas no decorrer da manhã, ganhou força a tese de que um advogado deveria fazer este papel.

Até agora, no entanto, não há qualquer decisão sobre o rumo a ser tomado.

Há que ache que "é preciso esperar sair tudo" para o presidente Temer poder falar de novo, se não, ficará parecendo que, a cada nova denúncia, ele teria de voltar a se explicar e isso está fora de cogitação pelo governo, pelo menos por enquanto.

Temer continua convencido de que tem de resistir no cargo, repudiando, ainda, qualquer hipótese de renúncia.

Ontem, o presidente se animou com os apoios recebidos da base aliada, mas não tem ideia do que poderá ser apresentado ainda em novas divulgações de delações, que podem colocá-lo em uma posição ainda mais delicada.

A situação do presidente não é boa e ele sabe das dificuldades que ainda terá de enfrentar para poder retomar o foco no trabalho pela volta do crescimento e reorganização da base aliada para prosseguir as votações das reformas.

Há quem ache que essa retomada do controle da situação não acontecerá porque o presidente irá enfrentar outros problemas com as delações, que deixarão sua situação insustentável.

Assessores do presidente, no entanto, insistem que nada do que saiu, até agora, afeta o presidente da República.

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaJBSJoesley BatistaJustiçaMichel Temer

Mais de Brasil

Reforma Tributária: pedido de benefícios é normal, mas PEC vetou novos setores, diz Eurico Santi

Ex-vice presidente da Caixa é demitido por justa causa por assédio sexual

Alíquota na reforma tributária dependerá do sucesso do split payment, diz diretor da Fazenda