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Temer dá ultimato a ministros para não perder aliados

Em reunião com bancada do PTB da Câmara, presidente fez ligações para pedir que ninguém interfira em eleição da presidência da Casa

Presidente Michel Temer (Adriano Machado/Reuters)

Presidente Michel Temer (Adriano Machado/Reuters)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 27 de janeiro de 2017 às 09h48.

Brasília - O presidente Michel Temer (PMDB) teve uma longa reunião com o deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO), candidato ao comando da Câmara, e integrantes da bancada do PTB na Casa nesta quinta-feira (26). O encontro foi marcado por tensão e cobranças.

Durante o encontro, os petebistas voltaram a pedir isenção do Palácio do Planalto em relação à disputa pela presidência da Câmara. Além de Temer e Jovair, participaram da reunião 12 deputados do PTB e o presidente da legenda, Roberto Jefferson (RJ).

Dissidentes do PMDB e PSDB--partidos que apoiam a recondução de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao comando da Casa--também estavam presentes. Eram Valtenir Pereira (PMDB-MT) e Célio Silveira (PSDB-GO).

Para não se indispor com nenhum membro da base aliada, Temer fez ligações ao ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB-RS). Na chamada, o presidente ordenou que Padilha desse um ultimato aos ministros de seu governo para que parassem de interferir no andamento das eleições da Câmara.

Segundo fontes próximas à cúpula do PTB, os correligionários de Jovair afirmaram que alguns ministros ignoraram as orientações de Temer e vinham fazendo campanha para que Maia fosse reeleito na próxima quinta-feira (2).

Foram citados os ministros das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE), de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (PSB-PE), de Ciência e Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD-SP), da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira (PRB-ES) e o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco (PMDB-RJ).

Temer percebeu que poderia estar criando um problema na base governista ao ser questionado sobre as motivações dos ministros para apoiar a candidatura de Maia.

“Como seus ministros apoiam o responsável pela única derrota do governo até agora? Como eles apoiam Maia, que já tentou derrubar o ministro [Henrique] Meirelles em duas oportunidades?”, questionou um dos parlamentares presentes, segundo relato a EXAME.com de um dos participantes da reunião. Ele se referia à articulação comandada por Maia para retirar as contrapartidas dos Estados na renegociação da dívida.

Após mais de uma hora de reunião, os aliados de Jovair saíram do Palácio do Planalto satisfeitos com o “pulso firme” de Temer. As ligações para Padilha foram vistas como um aceno de neutralidade. Os petebistas garantiram ao presidente que permaneceriam leais ao governo.

Reuniões monotemáticas

Esse não foi o primeiro encontro entre Temer e Jovair em que o candidato ao comando da Câmara demonstra insatisfação sobre uma eventual parcialidade do Planalto na eleição. Desde a votação do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara, o petebista demonstrava suas intenções em ocupar a principal cadeira da Casa em 2017.

No início de janeiro, Jovair questionou Temer se o presidente estava operando a favor da reeleição de Maia e disse que isso não era justo com outros aliados que também estavam na disputa. O peemedebista negou.

Há duas semanas, Temer ligou para Jovair e o convidou para uma reunião em seu escritório, em São Paulo. Acompanhado do governador de Goiás, Marconi Perillo, que é entusiasta de sua candidatura, Jovair escutou novamente do presidente que não havia qualquer interferência do governo na disputa pela presidência da Câmara.

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