Brasil

Temer admite que relatório causa estragos na base

O presidente tem pressa na finalização do processo e espera ter a ajuda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia

Apoio: pelas contas do governo, Temer tem, atualmente, entre 39 e 41 votos da CCJ (Ueslei Marcelino/Reuters)

Apoio: pelas contas do governo, Temer tem, atualmente, entre 39 e 41 votos da CCJ (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de julho de 2017 às 09h58.

Brasília - O Planalto tenta minimizar o impacto do relatório de Sergio Zveiter (PMDB-RJ) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, mas admite que o parecer a favor da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer poderá causar "estragos" na base aliada no plenário. Para um presidente ser processado no Supremo Tribunal Federal (STF), são necessários 342 votos.

Temer considerou "dentro do esperado" o teor do relatório de Zveiter pela admissibilidade da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base nas delações do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. O presidente já sabia que o parecer no órgão colegiado, uma das etapas antes da chegada da acusação ao plenário, seria pela aceitação do processo e teria forte conteúdo político.

Ao lado de assessores e dos ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Temer acompanhou a leitura do voto de Zveiter pela televisão de seu gabinete no terceiro andar do Planalto. O presidente recebeu ao longo do dia o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), o subsecretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, e seu advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira.

Loures

O presidente ficou contrariado quando o relator da denúncia disse que era preciso apurar seu envolvimento no recebimento dos R$ 500 mil entregues por um executivo da J&F a seu ex-assessor especial e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), filmado ao sair de uma pizzaria em São Paulo com uma mala com o dinheiro. Para Temer e seus auxiliares, não há como fazer essa relação de causa-efeito, e o relator, por ser um advogado, na opinião deles, deveria evitá-la.

A reportagem apurou que o Planalto também repudiou a afirmação de Zveiter de que a denúncia "não é inepta" - um dos argumentos de Mariz. Além disso, causou incômodo a Temer e seus auxiliares a alegação do relator de que, "no mínimo, há indícios de prática delituosa" e "os indícios contra o presidente são sérios e suficientes".

Pressa

Temer tem pressa na finalização do processo e espera ter a ajuda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apesar de o nome do deputado já circular como um eventual sucessor, para encerrar a análise da denúncia antes do início do recesso parlamentar, previsto para começar na próxima terça-feira. O presidente, no entanto, tem ciência de que Maia, seu aliado, já não está mais tão condescendente às pressões do Palácio do Planalto.

Pelas contas do governo, Temer tem, atualmente, entre 39 e 41 votos da CCJ, depois das trocas de parlamentares da comissão por deputados considerados mais confiáveis pelo Planalto. No entanto, o governo sabe que está sujeito a nova traições e está atento a driblá-las.

Além do processo no colegiado da Câmara, Temer enfrenta ainda a pressão do PSDB, partido cuja bancada na Câmara tem pressionado pelo desembarque do governo e defendido a aceitação da denúncia. Embora a previsão seja de que os tucanos não decidirão nada por enquanto, há sempre a expectativa de novas reações internas na legenda.

Acompanhe tudo sobre:Michel TemerRodrigo JanotRodrigo MaiaSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Governo Lula condena ataques dos EUA a instalações nucleares do Irã

Brasileira desaparecida em vulcão foi deixada para trás por guia, diz imprensa da Indonésia

Rio Grande do Sul tem 126 municípios afetados pelas chuvas, mas número de pessoas desalojadas cai

Maioria da população apoia a reeleição de presidentes, governadores e prefeitos, diz pesquisa