Brasil

TCU retoma análise da privatização da Eletrobras nesta quarta-feira

Mesmo com o voto contrário esperado do ministro Vital do Rêgo, a expectativa é de aprovação

Eletrobras: TCU julga processo de privatização da empresa (Pilar Olivares/Reuters)

Eletrobras: TCU julga processo de privatização da empresa (Pilar Olivares/Reuters)

AA

Alessandra Azevedo

Publicado em 18 de maio de 2022 às 06h00.

Última atualização em 18 de maio de 2022 às 09h30.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia.

O Tribunal de Contas da União (TCU) retoma nesta quarta-feira, 18, a segunda e última fase de análise do processo de privatização da Eletrobras. Mesmo com o voto contrário esperado do ministro Vital do Rêgo, a expectativa é de aprovação. Com o aval do TCU, o governo pretende vender as ações da estatal em julho.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso.

A intenção inicial era privatizar a empresa até 13 de maio, mas, em 20 de abril, a presidente da corte, Ana Arraes, concedeu vista coletiva de 20 dias — ou seja, mais prazo para que os ministros avaliassem o processo. Vital do Rêgo pediu 60 dias de vista, mas os outros ministros não concordaram.

O processo está no tribunal desde setembro de 2021. Em 15 de fevereiro, o TCU aprovou a primeira etapa da análise sobre a privatização da estatal, após avaliar o bônus de outorga que a empresa deverá pagar à União pela renovação de contratos das usinas.

Ao pedir vista, em abril, Vital do Rêgo apontou inconsistências no processo. A primeira tem a ver com os investimentos previstos na Eletrobras com a privatização. O ministro afirmou que os fluxos de caixa apresentados pelo BNDES nos últimos anos do período de privatização, até 2051, registram redução drástica de investimentos, até chegar a zero.

Vital do Rêgo lembrou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, informou que a privatização permitiria investimento de 15,7 bilhões de reais ao ano. "O que se percebe é que há uma evidente contradição entre o discurso para justificar a privatização, a garantia de novos investimentos, e os estudos apresentados ao TCU, que preveem ao final de 30 anos, a ausência completa de investimentos", disse o ministro.

Vital do Rêgo também apontou diferenças expressivas entre os cálculos das duas consultorias independentes contratadas pelo BNDES para avaliar a precificação das ações da Eletrobras. Ele ressaltou que, pela lei, quando há divergências acima de 20% quanto ao preço mínimo recomendado nas duas avaliações, é preciso contratar uma terceira consultoria, o que não foi feito.

A diferença apontada, a princípio, foi de 12,4%, abaixo de 20%, mas "foi possível observar que na avaliação do serviço B não foram considerados os efeitos de contingências exclusivas da holding Eletrobras na ordem de 30 bilhões de reais", afirmou o ministro. "Trata-se, portanto, de ilegalidade no estudo apresentado pelo serviço B", sustentou.

Quando esse patamar é normalizado, a divergência entre os preços mínimos supera os 20%, chegando a 60%, segundo Vital do Rêgo. Ele citou exemplos: na Eletrosul, o valor obtido por uma das consultorias foi 40% menor do que pela segunda. Em Furnas, a diferença foi de 25%. E, na Eletronorte, de 35%.

"Isso levaria à exigência de uma terceira consultoria, porque não estamos falando a respeito de coisas abstratas, estamos falando de linhas de transmissão, prédios físicos, ativos que são de pedra e cal. Como uma consultoria com critérios pré-determinados oferece tanta disparidade entre a outra?", questionou o ministro.

Outra inconsistência apontada pelo ministro é que, desde 2010, a Eletronuclear, controlada pela Eletrobras, deixa de pagar os dividendos oriundos da distribuição de lucros. A soma chega a 2,7 bilhões de reais, segundo ele. "Esse valor deveria aparecer no passivo demonstrativo contábil da Eletronuclear como valor a pagar, e no contábil da Eletrobras como valor a receber", disse.

Vital do Rêgo ressaltou que a modelagem de privatização da Eletrobras consiste em quitar os dividendos não pagos com recursos oriundos de novas ações. "Esses erros deveriam ter sido consertados conforme normativo da Aneel e da CVM. As demonstrações financeiras da Eletrobras e da Eletronuclear contêm erros que maculam o preço mínimo da ação da Eletrobras", argumentou.

A capitalização da Eletrobras será feita pela venda de ações ordinárias na bolsa de valores, de forma a diluir a participação da União, que deixará de ser acionista majoritária. Pelos cálculos do governo, a privatização renderá 67 bilhões de reais.

 

Acompanhe tudo sobre:EletrobrasPrivatizaçãoTCU

Mais de Brasil

Linhas 8 e 9 começam a disponibilizar Wi-Fi gratuito em todas as estações; saiba como acessar

Bolsonaro indiciado pela PF: entenda o inquérito do golpe em cinco pontos

O que acontece agora após indiciamento de Bolsonaro e os outros 36 por tentativa de golpe de Estado?

Inmet prevê chuvas intensas em 12 estados e emite alerta amerelo para "perigo potencial" nesta sexta